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Santos
- Cronologia de nossa História |
1500 - A Cultura
Indígena
Infelizmente, muito pouco ficou registrado sobre a história
indígena da região na época pré-colonial.
Sabe-se que a ilha de São Vicente, onde hoje está
a cidade de Santos, chamava-se Guaiaó; seus habitantes
originais, pertencentes à grande nação
tupi, possuíam vários núcleos habitacionais
na região e, no princípio conviviam bem com os
primeiros europeus que vieram habitar as novas terras, como
João Ramalho e Cosme Fernandes. Já os tamoios
eram extremamente belicosos. Os indígenas viviam basicamente
da cultura extrativista, subsistindo da pesca, da caça
e da exploração de riquezas naturais da Mata Atlântica,
até a chegada dos primeiros colonos.
1501 - Américo Vespúcio chega a Guaiaó
Depois da vinda da armada de Pedro Álvares Cabral em
1500, que oficializou perante a História o descobrimento
do Brasil, em 1501 o rei português D. Manoel ordena expedição
exploradora ao Brasil, convidando o renomado florentino Américo
Vespúcio para participar como piloto e cosmógrafo.
A expedição de três naus era comandada por
André Gonçalves e durante um ano cartografou a
costa, demarcou terras e deu nomes a ilhas e rios da costa brasileira.
Foi Vespúcio quem batizou com o nome de São Vicente,
pois era dia de S. Vicente, a ilha conhecida como Ilha de Gaiaó
ou Guaiaó.
Uma das cartas de Vespúcio relatando a viagem revela
que num dos navios dessa expedição veio um "bacharel,"
degredado por D. Manoel, e que foi deixado em Cananéia;
o degredado, conhecido pela história como Mestre Cosme
Fernandes, veio a desempenhar papel importante no início
de nossa história e a ele é atribuída a
fundação dos povoados de Cananéia, Iguape
e até do próprio povoado de São Vicente.
1501 a
1530 - Os pioneiros da colonização do Guaiaó
A costa brasileira e a região de São Vicente eram
alvo de muitas expedições oficiais e não
oficiais, particulares e clandestinas, que aqui vinham em busca
de escravos e do precioso pau-brasil, objeto de comércio
e também de contrabando. Entre cinco e trinta anos antes
da chegada de Martim Afonso de Souza e da criação
oficial de São Vicente, muitos estrangeiros já
haviam se estabelecido na região, que era muito propícia
à fundação de feitorias e habitada por
indígenas amistosos. Dentre os estrangeiros aqui estabelecidos
e que maior relação tiveram com o primitivo povoado
de São Vicente podemos citar Mestre Cosme Fernandes,
Gonçalo da Costa (genro de Mestre Cosme), Francisco de
Chaves (também genro de Mestre Cosme), Pero Capico, Henrique
Montes, Antonio Rodrigues, João Ramalho e Aleixo Garcia.
Mestre Cosme, que vivia em Cananéia desde 1502, casou
com uma filha do chefe indígena Piquerobi e veio para
São Vicente em 1510, onde fundou um povoado, organizou
um porto de serventia na boca do rio de São Vicente (atual
Estuário), fez fortuna e prosperou com um grande negócio
de escravos, um estaleiro localizado no Japuí, e com
o fornecimento e suprimento de navios que por aqui passavam
a caminho do Paraguai e do Prata. |
A esquadra de Martim Afonso fundeia no
Porto das Naus, na concepção de Calixto. |
1531 - A chegada
de Martim Afonso de Souza
Em dezembro de 1531, a expedição colonizadora
chefiada por Martim Afonso de Souza fundeia seus navios defronte
à praia do Sol (praia do Góis), na Ilha de Santo
Amaro. Nessa época, o povoado de São Vicente já
possuía cerca de dez ou doze casas, muitas habitações
indígenas, armazéns para mantimentos, embarcações,
uma pequena torre de pedra para defesa, o Porto das Naus para
navios de grande calado (na chamada barra grande), um porto
para embarcações menores (na chamada barreta,
no povoado de São Vicente) e grande atividade econômica,
pois era posto de troca de mercadorias entre índios e
moradores e, sobretudo, local de fornecimento de água
e suprimento dos navios que por aqui passavam. Martim Afonso,
que vinha na qualidade de Capitão-Mor, trouxe 400 soldados
e inúmeras bocas de fogo para expulsar o degredado Cosme
Fernandes e sua gente de São Vicente e também
para combater piratas franceses e ingleses na costa brasileira.
Com ele também vieram 27 nobres, colonos e artífices.
Entre os recém chegados estavam Pero Capico, Henrique
Montes e outros que aqui já haviam morado. A vinda de
Martim Afonso faz com que Mestre Cosme, condenado a viver seu
degredo em Cananéia, seja obrigado a se retirar de São
Vicente, abandonando seus negócios e retornando com sua
numerosa família a seus antigos sítios de Iguape
e Cananéia.
1532 - Fundação da Vila de São Vicente
Como Capitão-Mor e Governador, Martim Afonso suspende
os negócios de escravos e com a autorização
do rei D. Manoel, em 22 de janeiro de 1532 dá foro de
Vila ao povoado de São Vicente, que veio a se tornar
a "celula mater" brasileira, capital da Capitania
que tomou o seu nome, assim como o antigo Porto das Naus se
tornou Porto de São Vicente. Em São Vicente Martim
Afonso constrói uma pequena capela, um pelourinho, e
a primeira instituição democrática do país:
a Câmara de São Vicente. Martim Afonso manda João
de Souza de volta a Portugal com notícias de seu progresso
para o rei D. Manoel. Este, satisfeito, cria a "Donataria
de São Vicente" e a concede a Martim Afonso, que
passa a possuir todas as terras da Capitania.
1532-1540 - Os primeiros colonos do Enguaguaçu
Pero Lopes, um dos comandantes de Martim Afonso, adentra o Rio
São Vicente (estuário) em reconhecimento e depara
com o já conhecido Porto das Naus, na altura de onde
hoje fica o Museu de Pesca. Para lá ele leva as naus
da armada, vara uma das naus em terra e constrói uma
casa para guardar velas e equipamentos dos navios. Ali, no Porto
de São Vicente, na atual Ponta da Praia vieram a existir
os primeiros trapiches e casas de fiscalização
alfandegária de São Vicente, ponto que veio a
constituir o primeiro núcleo administrativo santista.
Martim Afonso distribui terras e as pessoas que com ele vieram
avançam pelas águas mais adentro, à procura
das melhores fontes de água e terras, fixando-se na região
conhecida pelo nome indígena de Enguaguaçu ("enseada
grande"), que possuía uma sucessão de boas
aguadas e terras secas e boas para o plantio. Entre 1532 e 1540,
nela haviam se estabelecido o fidalgo Luiz de Góis e
sua mulher Catarina de Andrade e Aguilar (que se estabeleceram
próximo a um outeiro e aí construíram a
capela de Santa Catarina), José e Francisco Adorno (nobres
genoveses que trouxeram cana e um engenho "desmontado"
da Ilha da Madeira), Domingos Pires e Pascoal Fernandes (considerados
os primeiros povoadores do Enguaguaçu), André
Botelho e Mestre Bartolomeu Gonçalves (que se estabeleceu
no Morro do Desterro). Nos arredores do Enguaguaçu, nas
áreas agrícolas vizinhas, se estabeleceram Francisco
Pinto, Rui Pinto, Antonio Rodrigues de Almeida, Pero de Góis,
Henrique Montes e Jorge Ferreira, todos articulados com o Engenho
de São João, dos irmãos Adorno. A Brás
Cubas, criado de Martim Afonso e futuro feitor da nova colônia,
coube o Monte de São Jerônimo (Monte Serrat). Nessa
época, os colonos tinham a concessão das terras,
mas não a sua propriedade, que viria depois, de acordo
com o seu desenvolvimento, no sistema de sesmarias. |
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Santos
e S.Vicente em 1532. As linhas em laranja eram caminhos e trilhas
abertas pelos índios e primeiros povoadores. Veja a legenda
abaixo: |
A- Praia do Sol.
B - Porto das Naus..
C - Porto de São Vicente.
1- Luiz de Goes (outeiro de Sta. catarina)
2- Paschoal Fernandes e Domingos Pires.
3- Brás Cubas (Monte Serrat)
4- José e Paulo Adorno (Valongo)
5- Mestre Bartolomeu Gonçalves (Morro do Desterro)
6- Jorge Ferreira (Itapema) |
7- Henrique Montes (Ilha Pequena)
8- Pero de Goes
9- Rui Pinto
10- Francisco Pinto
11- Antonio Rodrigues
12- Pero Corrêa
13- Fernão de Moraes
14- Povoado de São Vicente
15- Antonio Rodrigues (residência no "Porto
de Tumiaru") |
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1532-1534 - Os
primeiros engenhos
Em 1532 Pero de Góis constrói o primeiro engenho
da Capitania na região do atual Sítio das Neves
- o Engenho Madre de Deus. Em 1533 começa a funcionar
o Engenho São João, dos irmãos Adorno,
construído próximo ao atual Morro de São
Bento. O início agrícola e industrial do Enguaguaçu
em 1532 é consolidado com a fundação do
Engenho do Governador ou Engenho do Trato em 1534, construído
aos pés do Morro da Nova Cintra, em parceria formada
por Martim Afonso, Johan Van Iste (que chamavam João
Veniste), Francisco Lobo e Vicente Gonçalves. Martim
Afonso determinou que a cana necessária para a produção
do engenho fosse fornecida pela roça de Rui Pinto, o
que tornava este úlimo "partidista" do negócio
(mais tarde esse engenho foi vendido ao holandês Erasmus
Schetz e passou a ser chamado Engenho de São Jorge dos
Erasmos, e com esse nome são conhecidas as suas ruínas
até hoje). De outro lado, Pascoal Fernandes e Domingos
Pires, os primeiros povoadores do Enguaguaçu, se associaram
na construção de uma casa e na plantação
de cana para suprir o Engenho São João, de José
Adorno, também conhecido como "Genovês".
Como "partidistas" do engenho, eles plantaram na área
entre o Estuário e a encosta do São Jerônimo,
desde o atual Corpo de Bombeiros até onde hoje está
a Cadeia Velha. Este tipo de sociedade, uma espécie de
sociedade anônima primitiva, durou séculos no Brasil.
1534
- São Vicente é atacada e a população
foge
Em 1534 as forças de Iguape, compostas por espanhóis,
portugueses e indígenas agregados (grande parte deles
gente de Piquerobi), liderados por Mestre Cosme Fernandes e
seus genros, atacam a Vila de São Vicente como um desagravo
por terem perdido tudo o que haviam construído durante
vinte anos. Os poucos soldados que Martim Afonso deixara na
Vila capital não constituíram resistência
e São Vicente foi saqueada e destruída. Os moradores
fugiram apavorados e se refugiaram na povoação
que surgia no Enguaguaçu. Esse fato acarretou num aumento
da população do nascente povoado e, muitos dos
refugiados, mesmo depois de passado o perigo, acabaram por permanecer
no Enguaguaçu. 1533-1540
- Brás Cubas se estabelece no Enguaguaçu
Em maio de 1533, Martim Afonso de Souza parte para Portugal
e deixa seu servidor pessoal, Brás Cubas, como feitor
arrecadador na povoação. Com a morte de Henrique
Montes, assassinado por ocasião do ataque à São
Vicente em 1534, Brás Cubas passa a almejar a posse de
suas terras, uma vez que as terras que lhe couberam, nos arredores
do Monte Serrat, eram pequenas e encravadas entre as grandes
áreas de Pascoal Fernandes e Domingos Pires. Em 1535,
ele deixa em seu lugar, como feitor, a Rodrigo de Lucena, e
parte então |
Brás Cubas, em bico de pena
de Lauro Ribeiro da Silva |
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para o Reino afim de pleitear junto a Ana
Pimentel, procuradora de Martim Afonso, a posse das terras
que queria - as terras do Jurubatuba e da Ilha Pequena
(atual Barnabé). Em 1537 o pai de Brás Cubas,
João Pires Cubas, chega para cultivar a terra no
lugar do filho, mas não consegue devido à
oposição dos índios. Passa então
a cultivar as terras da primeira sesmaria de Cubas, nos
arredores do Monte Serrat. Em 1540 Brás Cubas retorna
de Portugal trazendo gente suficiente para enfrentar os
índios do lugar e se estabelece na Ilha Pequena,
depois chamada Ilha de Brás Cubas e, mais tarde,
Ilha dos Frades (por ter sido doada aos frades do Carmo). |
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1541 - Transferência
do Porto de São Vicente
Depois de oito anos ausente, assim que retorna de Portugal em
1540, Brás Cubas começa a lutar pelo desenvolvimento
do povoado e consegue do Capitão-Mor Antonio de Oliveira
a autorização para transferir o antigo Porto de
São Vicente de onde estava (na atual Ponta da Praia)
para o fundeadouro do Enguaguaçu. Com o porto na atual
Ponta da Praia os marinheiros que permaneciam na região
por períodos curtos tinham que ficar no meio do nada;
por sua vez, os fazendeiros tinham de conduzir suas cargas mais
pesadas até o porto em canoas (o que era perigoso) ou
rodeando a ilha a pé (o que era demorado). A nova localização
do porto defronte à povoação era muito
mais conveniente para todos e, a partir daí, o povoado
de Enguaguaçu passou a ser chamado de Porto de São
Vicente, por atender a todos os navios que vinham para São
Vicente. Ao novo porto convergiam a produção dos
fazendeiros do Enguaguaçu, dos moradores da Vila de São
Vicente, bem como os da Ilha de Santo Amaro e Bertioga.
Foi também em 1540 que o fidalgo Luiz de Góes
contruiu uma capela em homenagem a Santa Catarina, no outeiro
próximo a sua casa e que levou seu nome - Outeiro de
Santa Catarina. |
A Casa do Trem Bélico e, ao fundo
o outeiro e a Capela de Santa Catarina,
em quadro de Benedicto Calixto. |
1541 - Um maremoto
destrói parte de São Vicente
Em 1541 um maremoto destrói em São Vicente a Casa
do Conselho, a Igreja, o Pelourinho e diversas casas da Vila.
Muitos dos moradores, alarmados, resolvem mudar para a povoação
do Enguaguaçu. Esse fato dá novo empurrão
ao desenvolvimento do povoado e, com o aumento da população
regular, em 1542 surge a idéia da construção
de um hospital, colocando-se Brás Cubas à frente
da iniciativa, que arrecada dos colonizadores mais abastados
as contribuições que garantam os meios para a
construção. 1543
- Fundação da Santa Casa de Todos os Santos
Em 1543 é fundado o hospital, influência das Casas
de Misericórdia de Portugal, para atender aos enfermos
dos navios que ali aportavam e aos moradores de toda a região.
O local escolhido para o hospital foi o sopé do outeiro
de Santa Catarina (onde hoje se situa a Rua Visconde do Rio
Branco). O hospital recebeu o nome de Hospital de Todos os Santos
inspirado no nome do grande hospital de Lisboa e na data da
sua fundação - o dia de Todos os Santos. Segundo
Frei Gaspar da Madre de Deus, o povoado do Enguaguaçu
passou a ser chamado Povoado do Porto de Todos os Santos e de
Porto de Santos, por causa do nome do hospital. A Santa Casa
de Misericórdia de Todos os Santos foi o primeiro hospital
do Brasil e subsiste até hoje.
Saiba
mais em Memória - Santa Casa 1544
- O povoado cresce em importância
Em 1544 Brás Cubas adquire terras de Pascoal Fernandes
e Domingues Pires, vizinhas a sua primeira sesmaria junto ao
Monte Serrat. São as primeiras terras que ele compra
no Enguaguaçu e ali ele constrói uma casa e se
estabelece. Também em 1544 é nomeado o primeiro
juiz do povoado, Pedro Martins Namorado. A nomeação
de um juiz se deveu a um pedido dos próprios camaristas
de São Vicente ao Capitão-Mor da Capitania e foi
determinante para a elevação do povoado de Santos
à condição de Vila. 1546
- Santos ganha foro de Vila
Em 1545 Brás Cubas assume o cargo de Capitão-Mor
da Capitania de São Vicente. Ninguém sabe ao certo
quando Brás Cubas deu foro de Vila ao povoado de Enguaguaçu
- presume-se por documentos e escrituras daquela época
ter sido em fins de 1546, provavelmente em 1° de novembro,
por ser o dia de Todos os Santos, reservado a grandes ocasiões,
segundo os usos da época. A Vila recebeu o nome de Vila
do Porto de Santos, por inspiração da data ou
do nome do hospital fundado em 1543. Nessa época, a Igreja
de Santa Catarina construída por Luiz de Góis
passa a ser a Matriz da Vila, e a Casa da Câmara é
erguida também junto ao Outeiro. |
Brás Cubas lê o Foral da
Vila, na concepção de Benedicto Calixto
(este painel pode ser admirado na Sala de Pregões da
Bolsa de Café) |
1550 - Criada
a Casa da Alfândega
O rei de Portugal envia Antonio Cardoso de Barros como Provedor-Mor
ao Brasil com a missão de organizar a arrecadação
dos impostos na colônia, criando ele casas de alfândega
em todas as vilas marítimas por onde passa. Em Santos,
ela foi instalada em casa junto ao prédio do Conselho.
Em 1551, Brás Cubas recebe do Provedor-Mor uma Carta
de Mercê que o torna Provedor da Fazenda Real da Capitania
de São Vicente. Vinte anos depois, devido à concentração
do comércio no Valongo, a alfândega mudou para
um local da atual Rua Riachuelo e depois passou a funcionar
num casarão chamado popularmente de "Consulado",
na Rua da Praia que, por causa disso, passou a ser conhecida
como Rua da Alfândega e depois Rua do Consulado (atual
Frei Gaspar). 1550
- A chegada dos jesuítas
Os primeiros jesuítas chegaram aqui por volta de 1550
e fundaram um colégio na Vila capital, São Vicente.
Em 1567, O Pe. José de Anchieta, convencido da necessidade
de transferir o Colégio Jesuíta da Vila de São
Vicente para a Vila de Santos, requer junto ao Conselho a doação
de terreno existente junto à Casa da Câmara e inicia
a construção de casa provisória para o
abrigo dos padres. Tendo ele que se ausentar, e também
por falta de recursos, a obra acabou paralisada.
1552 - Construção
do sistema de defesa
Em 1552 Brás Cubas, por ordem de Tomé de Souza,
manda erguer a Fortaleza de São Felipe na entrada da
Barra da Bertioga. No entanto, a pressão dos hostis tamoios
do litoral norte pareceu aumentar, principalmente sobre os ocupantes
de Bertioga e da Ilha de Guaibê (Santo Amaro). Os moradores
da nova Vila sentiam-se inseguros e ameaçados. O medo
e a fundação do povoado de São Paulo de
Piratininga, em 1554, atraiu parte dos colonos sem terra para
o Planalto, enquanto outros voltaram para Portugal. Em 1557,
é construída a Fortaleza de São Tiago,
defronte à primeira, fechando a defesa da entrada do
Canal de Bertioga. 1560
- Mem de Sá vem a Santos
Mem de Sá vem a Santos em março de 1560 e manda
construir, junto à Vila e próximo ao ribeirão
do Itororó, o Forte da Vila. Depois segue para o planalto
e dá foro de Vila a São Paulo de Piratininga.
Em 1562, José Adorno e sua mulher, Catarina Monteiro,
constróem uma igreja nas proximidades do rio São
Jerônimo, em terras do Engenho São João,
de sua propriedade - a Igreja de Nossa Senhora da Graça.
1563 -
A Confederação dos Tamoios
Em 1563 a população entra em pânico com
o anúncio de uma confederação de todas
as tribos tamoias visando atacar e destruir tudo o que os colonizadores
tinham construído. Os jesuítas Manuel da Nóbrega
e José de Anchieta se oferecem para tentar conter os
índios e alguns santistas, liderados por José
Adorno, se reúnem para levá-los. Eles partem em
caravana de dez bergantins para Ubatuba e, após alguns
meses de conversas e negociações, os jesuítas
conseguem apaziguar os índios e é firmado o Armistício
de Iperoig entre os aborígenes e os portugueses, o que
salvou toda a obra colonizadora. 1570
- Santos é atacada pelos tamoios
Em 1565 esteve em Santos Estácio de Sá, preparando
a expedição que expulsaria os franceses instalados
no Rio de Janeiro. Alguns espíritos mais aventureiros
se uniram a ele, entre eles José Adorno, que chegou a
custear parte das despesas. A expedição partiu
no ano seguinte com um pequeno exército. Sabedores deste
fato, uma parte da tribo dos Tamoios, simpatizantes dos franceses,
aproveitou para atacar as duas Vilas. Mas a resistência
formada por guaianases e carijós conseguiu expulsar os
invasores. Pouco tempo depois, em 1570, é decretada a
lei proibindo a escravidão dos índios no Brasil,
fato que pacifica os ânimos do gentio e beneficia profundamente
os colonizadores. 1580
- A Espanha invade Portugal
Em 1580, Felipe II da Espanha invade Portugal e a Casa Real
Portuguesa e todos os seus domínios, inclusive o Brasil,
passam a pertencer à Espanha. Com a tomada do trono português
pela Espanha, piratas holandeses e ingleses, ferrenhos inimigos
dos espanhóis, passam a atacar naus da Espanha e suas
colônias, incluindo o Brasil. Os ataques se tornam ainda
mais constantes depois da destruição da "Armada
Invencível" espanhola em 1588, comprometendo o comércio
da colônia com a Europa e reduzindo consideravelmente
as atividades do porto de Santos. 1583
- Santos é invadida por corsários
Em 1583 Santos é invadida pelos corsários ingleses
de Edward Fenton. Não chegou a ser tanto uma invasão,
mas mais uma "insinuação". Eles alegaram
precisar dos serviços de um ferreiro, espalhavam que
Felipe da Espanha havia morrido e tentavam convencer a população
a se colocar sob o protetorado inglês. Mas um navio espanhol,
sabendo que Fenton fora visto rondando a costa vicentina, adentra
pelo porto e expulsa os ingleses. Depois desse fato, Felipe
II manda construir um forte na entrada da barra de Santos -
o Forte de Santo Amaro ou Fortaleza da Barra Grande que, juntamente
com os fortes de São Tiago e São Felipe guardavam
todos os possíveis acessos por mar à Vila do Porto
de Santos.
1585 - Início
da Educação Religiosa
Em 1585, o visitador da Companhia de Jesus Pe. Cristóvão
de Gouveia consegue junto à Câmara a cessão
da própria casa da Câmara, que estava prestes a
se transferir para novo prédio. Assim, os jesuítas
se transferem da Vila de São Vicente para o novo prédio
em Santos e fundam o Colégio dos Jesuítas, mais
tarde Colégio São Miguel, a primeira fonte de
instrução da Vila. 1589
- Os carmelitas e a Igreja do Carmo
Em 1580 chegam à Vila os primeiros carmelitas e, por
falta de outro lugar, se abrigam na Igreja de Nossa Senhora
da Graça. Em 1589, os Adorno acabam por doar a Igreja
da Graça aos carmelitas e Brás Cubas lhes doa
um terreno vizinho onde eles constróem um precário
convento. Dez anos depois os carmelitas iniciam a obra de seu
convento e igreja definitivos, na atual Praça Barão
do Rio Branco. A Igreja de N. Senhora da Graça, presente
na cidade por 340 anos, foi derrubada para alargamento da antiga
Rua do Sal (Rua José Ricardo). |
O novo prédio da Casa do Conselho,
que abrigava a Câmara e a Cadeia, nos idos
de 1610, em quadro de Calixto. Ao fundo se avista a torre da
Igreja do Carmo. |
1591 - O natal
de sangue de Thomas Cavendish
O título acima foi a manchete de um artigo jornalístico
da época. Assim foi relatado o segundo ataque inglês
a Santos, dessa vez comandado por Thomas Cavendish. Na noite
de natal de 1591, as forças do Forte da Vila, certas
da proteção do Forte da Barra Grande, estavam
totalmente desprevenidas e a população, concentrada
na Igreja de Santa Catarina, comemorava as festas natalinas.
Um navio inglês adentra a barra sem ser avistado, fundeia
no porto e mira seus canhões para o Forte da Vila, ordenando
a sua rendição. A tripulação que
desembarca, brutal e esfomeada, entrega-se ao saque e a deprecações,
provocando a fuga de todos os moradores para os sítios
vizinhos e para as matas. A própria imagem de Santa Catarina
foi arrancada da capela e lançada às águas
do Enguaguaçu, onde permaneceu perdida por 90 anos, até
ser resgatada por pescadores. Os ingleses permaneceram na Vila
por dois meses, respondendo aos ataques da resistência
que se formara. Não conseguindo o retorno da população,
Cavendish acaba por se retirar. Um dos maiores prejuízos
desse ataque a Santos foi a destruição de documentos
e preciosos registros históricos. 1603
- Erguida a Capela de N. S. do Monte Serrat
O Governador da Capitania de São Vicente, Don Francisco
de Souza, manda construir em 1603 a Capela de Nossa Senhora
do Monte Serrat, no alto do morro de São Jerônimo
que, a partir de então, foi perdendo seu nome original
para se denominar Monte Serrat.
1615 - Santos é atacada pelos holandeses
Em março de 1615, Santos sofre o ataque da frota holandesa
de Goris Van Spilbergen, ataque que dura algumas semanas e que
encontra a resistência desesperada dos moradores das duas
Vilas, socorridos pela gente de São Paulo sob comando
de Amador Bueno da Silveira e Lourenço Castanho Taques.
Reza a tradição que os santistas buscaram refúgio
no alto do Monte Serrat e que sobre os corsários que
os perseguiam desabou uma parte do monte, matando-os. A devoção
a Nossa Senhora do Monte Serrat cresceu tanto que ela veio a
se tornar a padroeira oficial de Santos. |
O Rancho Grande e o mercado de tropeiros
no início do século XVIII. Ao fundo
a Santa Casa em sua terceira sede e a Capela de S, Jerônimo,
depois
Igreja de São Francisco da Penitência (quadro de
Benedicto Calixto). |
1640 - A chegada
dos franciscanos
Em 1639 um frade franciscano vem a Santos examinar o local para
a instalação de um convento. No ano seguinte chega
à Vila um grupo de sete ou oito frades, que recebem terras
doadas pelo Capitão-Mor e pela Câmara local e iniciam
a construção de um convento. Até eles poderem
se instalar, foram acolhidos na Capela de Nossa Senhora do Desterro,
então de propriedade de Bartolomeu Fernandes Mourão.
No mesmo ano eles se mudam para o convento parcialmente pronto
e, em 1642 iniciam a construção do convento definitivo
e da igreja, que permanece de pé até hoje, no
Valongo. |
A Igreja e o Convento do Valongo em 1840,
segundo Calixto.
Na frente, o chamado Porto das Canoas, na foz do São
Jerônimo. |
1650 - Construção
do Mosteiro de São Bento
Dez anos após a chegada dos franciscanos, chegam a Santos
os monges beneditinos que fundam o Mosteiro de São Bento
na própria Capela de Nossa Senhora do Desterro, doada
à ordem beneditina por Bartolomeu Fernandes Mourão.
O mosteiro foi erguido junto à capela já existente
e que hoje é a mais antiga da cidade. Em 1656 a Igreja
do Monte Serrat também é doada aos beneditinos.
1615-1765
- Empobrecimento e decadência
A Vila de Santos entra em uma fase de marasmo e decadência.
Vários fatores contribuem para o esvaziamento da Vila:
as invasões estrangeiras que haviam solapado a Vila e
afugentado moradores, a participação de Santos
na guerra travada contra os holandeses no norte do país,
a busca por oportunidades melhores no planalto, a fuga das doenças
infecciosas que o clima e o terreno alagadiço do litoral
faziam proliferar e a fase do bandeirismo que se seguiu, atraindo
os filhos da terra para aventuras em busca de minas no interior
da Capitania. O esvaziamento da Vila acarreta o esgotamento
econômico, não só de Santos como de todo
o litoral vicentino. O dinheiro se torna escasso e se inicia
um sistema de trocas, valendo cada produto um valor arbitrado
para a compra de outras mercadorias. Tudo é muito caro
e a vida é difícil para os mais pobres. Os navios
estrangeiros começam a rarear no porto. Para completar,
uma epidemia de bexiga mata um terço da população
e a calamidade é tanta que o Caminho do Mar é
fechado e interrompida a ligação com São
Paulo. Em 1683, a capital da Capitania é transferida
de São Vicente para São Paulo, um golpe para a
Vila de Santos, que vinha desempenhando este papel na prática.
Quando tem início o comércio de escravos negros,
o crescimento da importação é tanto que,
em duas ou três décadas, a população
branca se reduz a menos da metade. Além disso, o tráfego
de navios negreiros acabam trazendo da África novas moléstias
para a Vila já infestada por algumas endemias. Aos problemas
financeiros e à pobreza se juntam o desânimo geral,
a deterioração dos valores morais, o aumento das
doenças venéreas e o abastardamento da população,
que abandona as lavouras e se entrega ao ócio. No final
do século, Santos para de produzir gêneros alimentícios,
que passam a vir de São Paulo, e resta apenas a cana
como atividade agrícola. O primeiro censo santista, de
1765, acusava uma população de apenas 2.081 pessoas,
das quais menos da metade é branca, sendo os demais mestiços
ou negros. |
O Chafariz, já demolido, onde hoje
é a Praça da República. |
1789 - O Caminho
do Mar
Nos primeiros tempos, a comunicação com o Planalto
se fazia por canoas, apesar de já existir caminho por
terra antes mesmo da fundação das Vilas. O primeiro
caminho conhecido era a "trilha dos goianazes", mais
ou menos onde hoje está a Estrada Velha, utilizado por
João Ramalho, que se estabelecera em Santo André.
Em 1553 foi aberto outro caminho por João Perez, o Gago.
Esse caminho passou a ser o preferido entre os dois, por ser
menos sujeito a ataques índios. Houve várias tentativas
de diversos governadores para melhorar o Caminho do Mar, com
aterros aqui e ali e reparos constantes no trecho da serra,
mas o problema era que o trecho da serra era muito ruim, íngreme
e escorregadio. Finalmente, o capitão-general Bernardo
José de Lorena, chamado para executar reparos na estrada,
mudou o traçado na serra e resolveu o problema fazendo
um novo traçado em curvas. O novo "Caminho Calçado
do Lorena" tinha 180 curvas e 9 km eram calçados
com pedras numa largura de 3 metros. Mas o trecho ótimo
da serra suplantava em muito a parte final da estrada, em Cubatão,
onde o percurso tinha de ser feito por embarcações.
1798 - Estabelecido o Correio
O capitão-general Antonio Manuel de Melo Castro
e Mendonça cria as primeiras linhas postais entre Santos
e São Paulo e São Paulo e Rio de Janeiro. É
a terceira e definitiva tentativa de estabelecimento dos Correios.
Dois anos depois são estabelecidas linhas entre São
Paulo e Itu, Paranaguá e São Sebastião,
facilitando a comunicação de Santos com esses
pontos da Capitania. |
O Pelourinho, as igrejas do Carmo e, defronte
a elas, o arsenal
e estaleiro da marinha (tela de Benedicto Calixto). |
1808 - A Corte
se transfere para o Brasil
Em 1808 a Corte Real Portuguesa se transfere para o Brasil,
provocando o desenvolvimento geral da colônia. Em Santos,
o custo de vida diminui em virtude da retomada da agricultura
nas áreas antes abandonadas. 1810
- Lampiões acesos e portos abertos
Em janeiro de 1810 foi decretada a iluminação
das ruas com 69 lampiões de azeite de peixe. Também
foi o ano em que o Brasil foi declarado Reino e seus portos
abertos aos navios estrangeiros. Em 1814, um novo censo acusa
que a população havia dobrado para 5.128 pessoas,
sendo 2.993 indivíduos livres e 2.135 escravos.
1821 - A revolta
do Chaguinhas
O Rei D. João retorna a Portugal deixando Pedro como
regente. Mas as Cortes trabalham para fazer retornar o Brasil
à condição de simples colônia e,
numa sucessão de decretos, isola o poder de D. Pedro
e corta-lhe recursos financeiros. O Brasil jamais concordaria
em caminhar para trás e a insatisfação
diante das medidas portuguesas era de um ódio contido.
No interior dos quartéis os soldos dos brasileiros eram
pagos com atrasos de 3 a 4 anos e sempre em valor menor do que
o soldo pago aos soldados portugueses. Foi em meio a esse quadro
que estoura uma revolta no quartel santista, comandada por Francisco
das Chagas e José Joaquim Cotindiba, no que tiveram apoio
de muitos populares entusiasmados. Os revoltosos mataram os
chamados "retrógrados" e saquearam negociantes
portugueses. Uma corveta portuguesa ancorada no porto impõe
resistência ao levante e as lutas duram alguns dias, terminando
com a chegada do 2° Batalhão de Caçadores
e a rendição dos revoltosos. |
Afresco de Benedicto Calixto retratando
Santos em 1822 (este painel está
localizado em uma parede da Sala de Pregões da Bolsa
de Café). |
1822 - Visita
de D. Pedro à Vila
No início de setembro de 1822 D. Pedro vem a Santos.
O motivo, de conhecer a família de José Bonifácio,
não convenceu ninguém. Na verdade, o príncipe
veio examinar as fortificações do porto e sondar
o ambiente - em caso de separação, ele precisava
saber se poderia se defender de um ataque estrangeiro e com
o que e quem poderia contar na terra santista. Poucos dias depois
ele proclama a separação.
Veja
mais sobre a participação de Santos em Independência
1827 -
A primeira estrada de rodagem
Em 17 de fevereiro de 1827 é inaugurada a Estrada de
Rodagem de Santos para São Paulo. Um grande aterro na
região de Cubatão liga definitivamente Santos
e a Ilha de São Vicente ao continente. A estrada deu
nova expressão econômica ao Porto, ao Município
de Santos e a toda a Província de São Paulo.
1839 -
Santos passa de Vila à Cidade
Em 26 de Janeiro de 1839 a Vila de Santos é elevada à
categoria de Cidade, através de decreto assinado pelo
Presidente da Província de São Paulo, Venâncio
José Lisboa. Mas o fato só foi festejado um mês
depois, quando chegou às mãos do presidente da
Câmara, José Vieira de Carvalho, a comunicação
oficial do governo provincial. 1841
- Delimitados os limites do Município
Em 1° de março de 1841 é promulgada a Lei
17, estabelecendo os limites entre os Municípios de Santos,
São Vicente e São Bernardo. |
O Porto do Consulado em 1850 retratado
por Benedicto Calixto. |
1846 - Santos
recebe D. Pedro II
A sociedade santista se mobilizou e a cidade fez festa para
receber o Imperador D. Pedro II e D. Tereza Christina. Em 1847
o governo cria em Santos a Capitania dos Portos de São
Paulo. No ano seguinte surge o primeiro jornal impresso, a "Revista
Commercial" que, em 1872 levaria o nome de "Diário
de Santos". 1860
- O início da São Paulo Railway Co.
A idéia de uma estrada de ferro ligando Santos e São
Paulo foi inicialmente de Frederico Fomm, prussiano casado com
uma santista, que obteve concessão para a construção
e exploração em 1838. Mas ele faleceu antes de
conseguir reunir o capital necessário e foi dada nova
concessão ao Visconde de Monte Alegre, que se une ao
Visconde de Mauá e ao Marquês de São Vicente.
Mas o Visconde de Mauá, cuja firma estava com um passivo
de 8.000 contos, vendeu o privilégio a uma companhia
inglesa por 40.000 libras esterlinas. Assim surgiu a São
Paulo Railway Co. Em 1860 foram iniciados os trabalhos e Santos
assistiu a demolição de toda a ala esquerda do
Convento de Santo Antonio, vendido aos ingleses para a construção
da estação, o que causou grande indignação.
O santista Francisco Martins dos Santos, em representação
ao Imperador, obteve ordem de preservação do restante
do Convento e da Igreja de Santo Antonio do Valongo e impediu
a tempo a sua demolição. 1867
- O Caminho de Ferro é inaugurado
A primeira ferrovia ligando Santos à Província
de São Paulo estava pronta. O acidentado terreno da Serra
do Mar era vencido por quatro planos inclinados de aproximadamente
2 km de extensão, dotados de um sistema funicular. Sua
tração era feita por enormes máquinas a
vapor, onde o peso de um trem compensava o peso de outro. Ao
final da composição era engatada uma "serrabreque",
também chamada "locobreque", com a única
função de frear o trem em caso de emergência.
A ferrovia era um marco em tecnologia para a época. Em
16 de fevereiro de 1867 os santistas assistiram a chegada da
primeira locomotiva a vapor. Todo movimento comercial e industrial
de São Paulo passou a utilizar essa ferrovia, que foi
fator determinante para o desenvolvimento de Santos. |
São Paulo-Railway: vista de um
dos planos inclinados da serra e dos cabos
do sistema funicular que puxavam os trens (postal M.Serrat). |
1870-1888 - Santos,
Terra da Liberdade
O espírito abolicionista de Santos começa a ganhar
forma nos idos de 1870 para se tornar uma campanha ruidosa por
volta de 1882, quando republicanos, liberais, abolicionistas
e enfim, a sociedade santista inteira se entrega ao trabalho
de libertar o escravo aqui e em todos os pontos da Província.
Os santistas criam quilombos para receber negros fugidos, sendo
o de Jabaquara o mais importante, e algumas famílias
santistas também abrigam refugiados. Santos dá
um exemplo de civismo e abnegação, coroado pela
assinatura da Lei Áurea em 1888.
Saiba
mais em Abolição.
1881-1888
- Desenvolvimento e moscas
Em 1872 começam a circular os primeiros bondes puxados
a burro. Também nesse ano se faz a canalização
das águas do Rio Cubatão, o que diminui a taxa
de mortalidade da cidade. Em 1881 é inaugurado o Theatro
Guarany, de alto luxo, construído por Garcia Redondo.
Em 1885 é inaugurada a linha de telefones entre Santos
e São Vicente.
Em 1888 Santos já possuía 20.000 habitantes, água
limpa encanada e iluminação à gás.
Mas, apesar do crescimento e dos avanços que se faziam,
não havia rede de esgotos, o número de cocheiras
havia duplicado, a coleta de lixo era quase inexistente e a
cidade era um viveiro de moscas e mosquitos. No ano seguinte
se verifica uma grande epidemia de febre amarela.
1889 - A peste negra
No início de 1889, o antigo arsenal e estaleiro da marinha,
datado do século XVII e situado em frente ao Carmo, é
derrubado para o início das obras de construção
do cais. Acredita-se que o revolvimento do lodo putrefato acumulado
na antiga "praia do Consulado" e também no
"porto do Bispo", locais onde se atiravam os resíduos
da cidade, tenha sido o estopim da epidemia de peste negra (febre
amarela) que assolou Santos, uma das maiores e mais violentas
das que atacaram a cidade. Foi uma tragédia coletiva:
o Mosteiro de S. Bento virou hospital, bem como o Theatro Rink,
a Beneficência abriu as portas, a Cruz Vermelha atendia
à domicílio, os corpos eram transportados por
carrinhos ao cemitério, que permanecia aberto à
noite e as redações dos jornais viraram postos
de informação. Os mais abastados haviam deixado
a cidade e a população que ficou foi sendo vitimada.
A crise só terminou em maio, com um saldo de 700 mortos. 1889
- Proclamação da República
No ano de 1889 é inaugurada a linha de bondes do José
Menino, de Mathias Costa, e o ano histórico termina com
a proclamação da República, em 15 de novembro,
para a qual Santos contribuiu de forma intensa.
Veja
mais sobre o movimento republicano santista em República
1892 -
O porto organizado
Em 1892 estava pronto o primeiro trecho do porto organizado,
com um cais de 260 metros de extensão, novos armazéns
e uma linha férrea. A obra pioneira e que suplantou tremendas
dificuldades técnicas, é inaugurada em 2 de fevereiro
de 1892, com a atracação do vapor "Namisth",
de bandeira inglesa.
Saiba
mais sobre a história do porto em Porto - Passado
1893 - A Revolta
da Armada
A 6 de setembro de 1893 estourava no Rio de Janeiro a chamada
Revolta da Armada, comandada pelo Almirante Custódio
de Melo. Os revoltosos queriam instaurar um regime parlamentarista
e, para tanto, pretendiam instalar base de operações
em Santos. Era Presidente o Marechal Floriano Peixoto e o Presidente
da Província era Bernardino de Campos, que desagradavam
a ala mais ortodoxa dos republicanos santistas, liderados por
Martim Francisco e Vicente de Carvalho. A Câmara tinha
seu primeiro quadro de Vereadores eleitos pelo povo e a cidade
se transformara em verdadeira praça de guerra. A recusa
do Clube Republicano em dar seu apoio a Floriano e Bernardino
na defesa de Santos gerou uma crise política e uma onda
de renúncias entre os Vereadores, renúncias que
se repetiram em 1894. O Clube Republicano só cedeu e
se decidiu pela defesa da República depois que a cidade
foi bombardeada e repercutia a atitude heróica que tivera
Bernardino de Campos no evento.
1894 -
Promulgação da Constituição de Santos
Em 1894 é promulgada a Constituição Municipal
de Santos, a primeira do Brasil, mas ela é cassada pelos
próprios vereadores santistas antes de completar um ano
de existência. Santos volta ao sistema de intendência
até o ano de 1907, quando elege seu primeiro prefeito
por eleição direta. |
O Kasatu Maru atraca no porto em 1908
trazendo o primeiro contingente de imigrantes japoneses a desembarcar
no país. A direita o armazém 14 (foto Setur). |
1900 - Início
do Grande Fluxo de Imigração
Com o desenvolvimento econômico e a expansão da
cultura cafeeira pelo interior de São Paulo, Santos torna-se
o maior porto exportador de café do mundo, destacando-se
como um dos mais importantes centros comerciais da América
do Sul e atraindo grande contigente de imigrantes europeus que
aqui se estabeleciam para exercer atividades ligadas ao porto
e ao comércio. No final de 1913 os estrangeiros já
somavam 42%, quase a metade da população de Santos.
1889-1914
- O saneamento de Santos
A partir de 1889 é desenvolvida uma grande campanha para
sanear a cidade, começando com a construção
do primeiro trecho de cais. Era Secretário do Interior
o santista Vicente de Carvalho, que toma uma série de
medidas saneadoras. Ainda nesse ano se faz a canalização
a coberto dos 5 ribeirões santistas, se institui a vacina
obrigatória, amplia-se o serviço de limpeza pública
e obriga-se a observância do Código de Posturas
elaborado em 1896. Mas a parte mais marcante da campanha de
saneamento de Santos foi, sem dúvida, a abertura dos
canais de drenagem, sendo o primeiro inaugurado em 1907. Depois
dos canais foram executados serviços de esgoto, com uma
rede urbana que desaguava na Ponta de Itaipu. Para sustentar
os canos do emissário foi construída a Ponte Pênsil,
em São Vicente, cujo serviço de esgoto foi ligado
mais tarde ao sistema de Santos. O sistema sanitário
projetado por Saturnino de Brito criou as condições
necessárias e definitivas para o crescimento do Município.
Em 1914, um novo censo apontava a população de
88.967 pessoas, contra as 52.000 contadas em 1901.
Saiba
mais sobre o saneamento em Arquitetura - Saneamento |
A abertura do primeiro canal de Saturnino
(canal 1).
Ao fundo o Restaurante Almeida, na Vila Mathias. |
1928 - Desabamento
no Monte Serrat
Em 10 de março de 1928 uma tragédia abala a população
santista: um grande bloco de terra se desprende do Monte Serrat
e cai sobre os fundos da Santa Casa, o pavilhão de Isolamento
e um quarteirão de casas construídas junto ao
seu sopé. O desastre, que causou inúmeras mortes
e grande prejuízo material, teve repercussão nacional
e provocou na cidade um grande movimento de solidariedade, com
o socorro às vítimas e a coleta de donativos em
prol da Santa Casa, que pode erguer um novo hospital. O desabamento
foi o segundo que ocorreu no mesmo lugar, tendo havido um menor
em 1901.
Saiba
mais em Memória - Santa Casa |
O desabamento de um pedaço do Monte
Serrat em 1928 destruiu parte
da Santa Casa e várias casas em seu sopé (foto
Setur). |
1936 - Urbanização
da Orla de Santos
Sob a administração do Prefeito Aristides Bastos
Machado, um dos prefeitos mais urbanistas até então,
é entregue à população o primeiro
trecho da orla urbanizada, os jardins da praia, entre o Hotel
Internacional e o Canal 2 e no trecho Gonzaga-Boqueirão.
No ano seguinte são inaugurados o Hotel Parque Balneário
e o Atlântico Hotel, no Bairro do Gonzaga.
Veja
como evoluiu a cidade em Arquitetura - Urbanismo |
Em 1930 a Av. Pres. Wilson era a única
ligação Santos-São Vicente pela
praia. Na foto o Hotel Internacional, no José Menino
(postal M.Serrat). |
1946 - Proibição
do jogo
Por decreto do então presidente Eurico Gaspar Dutra,
em 1946 o jogo passa a ser proibido no Brasil, o que causa o
fechamento dos vários cassinos da cidade, inclusive do
grande Cassino Monte Serrat. 1968
- Santos sob intervenção militar
Através de um golpe militar, o exército assume
o poder, fecha o Congresso e passa a nomear os prefeitos de
cidades consideradas de "interesse militar" e pontos
estratégicos do país. Como porto Santos não
escapa à intervenção, sua autonomia política
é retirada e o prefeito recém-eleito Esmeraldo
Tarquínio é cassado. A cidade passa a ser governada
por prefeitos "biônicos", nomeados pelo governo
federal, sendo o primeiro deles o General Clóvis Bandeira
Brasil. 1969
- Construção do polo industrial de Cubatão
A autonomia de Cubatão é decretada para a construção
de um parque industrial que atrai milhares de migrantes provenientes
do nordeste brasileiro. Este fator vem a causar alguns problemas
sociais e agravar outros tantos. 1970
- A poluição das praias
Com o crescimento demográfico e turístico a partir
da década de 60 e a febre imobiliária que acaba
com as grandes mansões da praia e constrói centenas
de edifícios ao longo da orla da praia, Santos deixa
de ser a cidade agradável que era até os anos
50. Em 1970 encontramos uma cidade bem diferente: pouquíssimas
áreas verdes, favelas se instalando nos morros, palafitas
sendo erguidas nos mangues e ar poluído pela proximidade
com o parque industrial de Cubatão. Mas o maior agravante
é a perda da balneabilidade das praias, tanto em Santos
quanto em São Vicente. A poluição das águas
se deve a vários fatores: a superlotação
das cidades irmãs nas temporadas supera a vazão
do sistema de esgotos e parte dele é despejado em plena
baía vicentina; o desaguamento da Represa Billings, onde
é despejado metade do esgoto da Grande São Paulo;
e finalmente, os resíduos industriais e o esgoto lançado
de forma clandestina nos canais. As praias de Santos e São
Vicente, sem a sua balneabilidade, afugentam os turistas para
outros locais, como o Guarujá e as cidades do litoral
sul. Santos passa a receber na maioria turistas de baixa renda,
que depredam e sujam ainda mais as praias.
1983 - Restabelecida a autonomia política
Em 2 de agosto de 1983 é restabelecida a autonomia política
da cidade e Santos pode eleger seu primeiro prefeito depois
de 16 anos de intervenção federal.
1989-2000 - A recuperação
turística da cidade
O ano de 1989 marca o início de um amplo plano para a
recuperação turística da cidade. Graças
à Sabesp, com investimentos em infra-estrutura, e às
comportas dos canais de Saturnino de Brito, que voltam |
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a ser utilizadas como se deve, a
balneabilidade das praias é recuperada em
1991. O último palacete remanescente da época
dos "barões do café", na
praia, é restaurado e reabre como Pinacoteca
Benedicto Calixto, o Museu de Pesca é totalmente
revitalizado, o Aquário Municipal sofre uma
reforma, assim como a Praça Independência
e o canteiro central da Av. Ana Costa. Em 2000,
os jardins da praia entram para o Guiness World
Records como o jardim frontal de praia de maior
extensão do mundo, marca que detém
até hoje. |
Jardins
da praia - record do Guinness (foto PMS) |
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1995 - Santos
é a mais visitada do litoral paulista
Com o centenário de inauguração do Hotel
Internacional, a cidade comemora sua 100ª temporada de
verão, quando é divulgado um balanço da
Embratur apontando Santos como a cidade mais visitada por estrangeiros
no litoral paulista.
2002-2004 - O Centro
reinventado
A partir de 1999, projetos como o Plano de Revitalização
do Valongo e Alegra Centro provocam o início da recuperação
do Centro, no impulso da restauração total da
antiga Bolsa de Café. A Prefeitura passa a oferecer incentivos
fiscais e benefícios à iniciativa privada em troca
do restauro de prédios depredados, o que melhora consideravelmente
o aspecto geral do Centro. Em 2002 tem início a restauração
do Theatro Coliseu e é inaugurada a linha turística
do bonde. Logo depois, é implantada a iluminação
por lampiões nas ruas XV de Novembro e do Comércio.
Em 2004 é finalizada a reforma da Estação
Ferroviária, bem como seu entorno reurbanizado, no Valongo.
Todas essas medidas, e mais a promoção continuada
de programação cultural e artística, transformaram
o Centro em foco de atração turística e
para lá atraíram clubs noturno, restaurantes e
empresas, dentro do conceito de reciclagem arquitetônica.
Veja
mais em Arquitetura -
Urbanismo |
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