|
|
O movimento
abolicionista em Santos |
Em
1810, dos 5.128 habitantes de Santos, 2.135 eram escravos |
A importação de escravos negros para o Brasil
teve início no século XVII. Negros de todas as
origens e classes, com ou sem cultura, mulçumanos ou
judaizados, se misturavam nos porões dos navios negreiros,
sofrendo toda sorte de privações, humilhações
e doenças, para aqui desembarcar com o coração
cheio de ódio ao escravizador e na mente apenas uma idéia:
fugir. Desde então, e até a abolição
da escravatura, muitos fugiam e formavam quilombos, alguns grupos
mantinham associações secretas e se mobilizavam
em movimentos de insurreição, de pequena ou grande
monta, sempre abafados pela força das milícias
coloniais. Muitos senhores de coração generoso
e mente aberta alforriavam seus escravos que, trabalhando livremente,
empregavam todos os recursos que possuíam e ganhavam
em prol dos irmãos cativos, financiando armas e os custos
das revoltas.
A história da Abolição e de como os fatos
se desenrolaram até o seu desfecho é muito complexa,
envolvendo aspectos raciais, sociológicos, políticos,
econômicos e religiosos que não iremos abordar
aqui.
Apenas contaremos a história do movimento em Santos e
de como os santistas contribuíram para acabar com a vergonha
da escravidão, num exemplo de solidariedade pouco visto,
iniciando com as primeiras manifestações abolicionistas
do patriarca da Independência, José Bonifácio
de Andrada e Silva. |
|
1820-1822 - Os
ideais de liberdade de José Bonifácio
Desde que retornara da Europa o ilustre santista José
Bonifácio se chocara e escandalizara com a sociedade
de senhores e escravos que encontrara em sua terra: "inumana,
injusta, imoral, corrompida e corruptora", que se degradava
e degradava o Brasil. Convencido da necessidade urgente de acabar
com a chaga social da escravatura, no início de 1820
ele liberta os escravos da Chácara do Outeirinhos, de
sua propriedade, onde pretende provar que se pode trabalhar
a terra e lucrar sem escravos e senzalas. Nos dois anos seguintes
toda a sua energia se voltou para a luta pela Independência,
mas quando esta se concretizou, ele voltou para seus ideais
abolicionistas. Logo após a Independência, em fins
de 1822, ele escreve a Caldeira Brant, em Londres, solicitando-lhe
a convocação de trabalhadores rurais ingleses
que quisessem se estabelecer no Brasil. José Bonifácio
pretendia com isso criar um exemplo prático que convencesse
seus compatriotas de que o trabalho livre era muito mais produtivo
e lucrativo que o escravo. Em janeiro de 1823 embarcam os primeiros
50 trabalhadores ingleses rumo ao Brasil. 1823
- A "Representação sobre a Escravatura"
A suas atitudes como cidadão Bonifácio soma um
ato político: entrega à Assembléia Constituinte
da qual fazia parte, para consideração, a sua
famosa "Representação sobre a Escravatura",
a primeira manifestação pública a favor
da abolição. O documento, de raciocínio
lúcido e palavras sábias, revela toda a miséria
social produzida pela escravidão até então
e todo o atraso que ainda poderia produzir ao |
José Bonifácio, em
bico de pena
de Lauro Ribeiro da Silva |
novo país que se formava, sugerindo
os meios para extinguí-la sem causar qualquer choque
na economia. Infelizmente, a Representação
de Bonifácio bate de frente com a barreira do sistema
político e dos interesses em jogo e, com exceção
dos Deputados paulistas, todos o repudiam violentamente.
Pouco depois se dá a dissolução da
Assembléia Constituinte e a deportação
dos irmãos Andradas a mando do Imperador. A Representação
sobre a Escravatura, apesar de ser um verdadeiro monumento
de civilização, contribuiu de forma decisiva
para a decadência política de José
Bonifácio. |
|
1824 - A semente
germina
A Representação de Bonifácio, apesar de
não encontrar eco no meio político, foi uma boa
semente no campo fértil de sua terra natal. O santista
José Feliciano Fernandes Pinheiro dá liberdade
a 300 escravos do Núcleo Colonial de S. Leopoldo, no
Rio Grande do Sul, pertencente ao governo. No interior de São
Paulo, Nicolau Vergueiro, português naturalizado, é
o primeiro a importar trabalhadores livres para a agricultura
no Brasil, criando uma sociedade de imigração
e colonização. Em 1827 chegam os primeiros colonos
alemães e, em 1829, se forma a Colônia Santo Amaro,
perto da capital. Era o abolicionismo pacífico pregado
por Bonifácio e que acabaria por tornar São Paulo
a primeira e mais rica Província do Brasil.
1830-1840 -
Cresce a imigração
A importação do trabalhador livre se desenvolve
de forma acelerada, espalhando colônias na capital e em
inúmeras regiões do interior de São Paulo,
totalizando a entrada no país de 60.000 colonos europeus.
Era sangue novo na terra, gente resoluta, que iniciava povoações
e que ajudavam a criar a grandeza do Estado de São Paulo.
1831 -
Proibido o tráfico de escravos
Em 7 de novembro de 1831 é promulgada a Lei que suspende
o tráfico de escravos no Brasil, uma lei que tentava
salvar as aparências e que foi ridicularizada por todos,
pois não refletia a vontade nacional. Nos 15 anos que
se seguiram, entraram no Brasil 300 mil escravos contrabandeados.
1868 -
Fundação do Partido Liberal-Radical
Em 1868 é fundado em São Paulo o Partido Liberal-Radical,
que arregimentava nomes como: Rangel Pestana, Limpo de Abreu,
Xavier da Silveira, e depois Campos Sales, Prudente de Morais,
Bernardino de Campos e Francisco Glicério. O Partido
publicava o "Opinião Liberal", jornal através
do qual ia sutilmente semeando os ideais abolicionistas e republicanos.
1870 -
O pioneirismo das mulheres santistas
A Guerra do Paraguai terminara e a "fase de ação"
do movimento abolicionista em todo Brasil se inicia em Santos,
dentre os elementos de sua melhor sociedade. Dona Francisca
Amália de Assis Faria começa a abrigar negros
fugidos, transformando o quintal de sua casa em um "pequeno
quilombo" ao mesmo tempo que convida as amigas a fazerem
o mesmo. Centenas de reclamações contra as famílias
santistas que acolhiam escravos fugidos foram feitas às
autoridades, que quase nada podiam fazer por se tratar da nata
da sociedade de Santos. 1870
- Santista funda a sociedade "A Emancipadora"
A santista Dona Anna Benvinda Bueno de Andrada, mulher do Conselheiro
Martim Francisco Ribeiro de Andrada, funda em São Paulo
a primeira sociedade libertadora. "A Emancipadora"
é uma sociedade feminina que promove alforrias de escravos
e especializa-se na "libertação de escravas
moças".
1870 - Outros precursores
Nessa época, em Santos, mais alguns nomes apareciam como
força ativa contra a escravidão: Xavier da Silveira,
Francisco Martins dos Santos, Dr. Alexandre Martins Rodrigues,
Joaquim Xavier Pinheiro e João Octavio dos Santos. Xavier
da Silveira aconselhava negros a provocar o confronto e a crueldade
dos feitores para depois defendê-los e libertá-los
em juízo, estratagema que explorou até 1871, quando
retorna a Santos e funda o jornal "A Imprensa", sua
grande arma na campanha. Francisco Martins dos Santos, maçom
e homem público de grande influência em Santos,
pregou o abolicionismo como a primeira condição
para a República e fez aumentar consideravelmente o número
de abolicionistas na cidade, além de acolher escravos
fugidos e disseminar essa prática entre amigos e parentes.
O Dr. Alexandre Martins Rodrigues também se destacou
na luta contra a escravatura, principalmente no meio policial
e judiciário. Joaquim Xavier Pinheiro acolhia escravos
e mais tarde veio a financiar o Quilombo do Jabaquara, a compra
de alforrias e as custas de pendências judiciais. João
Octavio dos Santos, um dos mais ricos negociantes da cidade,
foi grande financiador das despesas da campanha contra a escravatura.
1874 -
Morre Xavier da Silveira e desponta Luiz Gama
A peste leva Xavier da Silveira aos 34 anos de idade e o movimento
abolicionista se ressente da perda. Mas outra figura surge para
substituí-lo: Luiz Gama, um negro batalhador que se forma
em Direito e se destaca como jornalista e tribuno. Luiz Gama
mantém acesa a chama do abolicionismo em Santos.
1880 -
A renovação no movimento santista
Nessa época surge uma nova geração de abolicionistas,
jovens que se juntam ou substituem os mais velhos. A mais destacada
expressão desse grupo é Américo Martins
dos Santos, irmão mais novo de Francisco Martins dos
Santos, e que arrebanha para o movimento todo o seu grupo de
amigos. 1881
- É criado o Quilombo do Jabaquara
Em fins de 1881 e por iniciativa de Américo Martins e
Xavier Pinheiro, os abolicionistas se reúnem na casa
de Francisco Martins dos Santos. |
Quintino de Lacerda, por Lauro R.Silva |
Nela se resolve a criação
de um reduto para abrigar escravos livres, mas ainda sem
destino ou emprego, tirando-os dos quintais das casas
de família. De imediato foi coletado o dinheiro
para o custeio e escolhido o lugar para abrigar tal reduto:
nos fundos da propriedade de Mathias Costa, onde hoje
existe todo o Bairro do Jabaquara, em uma extensa área
de mata virgem e várzea, cortada por inúmeros
riachos. Para manter a ordem entre os abrigados no reduto,
foi apontado o nome de Quintino de Lacerda, ex-escravo
dos Lacerda Franco que ainda vivia na casa do antigo senhor. |
|
1881 - Quintino
de Lacerda assume o Jabaquara
O sergipano Quintino de Lacerda assume de pronto o comando do
reduto, auxiliado por uma força de 200 negros armados.
No ano seguinte, o Quilombo do Jabaquara já abrigava
500 escravos. Reuniões semanais e secretas eram realizadas
na fábrica de Xavier Pinheiro, na farmácia de
Teophillo Mendes, na fazenda de Geraldo Leite (no alto do morro
do Jabaquara) ou no próprio Quilombo do Jabaquara.
1881 -
É fundada a sociedade "Bohêmia Abolicionista"
A juventude abolicionista de Santos funda a "Bohêmia
Abolicionista",
uma agremiação que panfletava a cidade com jornais
como "O Embrião", "O Porvir", "O
Pirata", "O Patriota" e outros. A Bohêmia
atuou por 8 anos e seus integrantes se reuniam diariamente,
seja num banco de jardim, seja no Cine Paramount ou na casa
de Guilherme e Pedro de Melo. Além destes, idealizaram
a agremiação Francisco e Antônio Augusto
Bastos, Antonio Couto, Arthur Andrade, Antero Cintra, Luciano
Pupo e Eugênio Wansuít, um pernambucano quase preto
e muito falador, ex-marinheiro que lutara na guerra do Paraguai
e que costumava fazer um comício em cada lugar que ía,
desprezando totalmente a própria segurança.
1882 -
Morre Luiz Gama e surge Antonio Bento
Em agosto de 1882 uma notícia abala o movimento: morrera
Luiz Gama, o negro advogado, líder supremo do movimento
paulista. Mas como um milagre da providência, outro líder
desponta: Antonio Bento de Souza e Castro, também advogado,
ex-promotor e juiz em São Paulo. No próprio enterro
de Luiz Gama, tocado pela compreensão da luta do amigo,
Antonio Bento faz o juramento solene e em voz alta de não
deixar morrer a campanha contra a escravidão.
1882 - Novo
líder dá força à fuga de escravos
Antonio Bento intensifica o movimento em São Paulo, criando
novas rotas de evasão e aumentando consideravelmente
o número de fugas nas fazendas do interior e a segurança
dos escravos até o refúgio em Santos. Em outubro
de 1882 ele visita as famílias abolicionistas de Santos
e o quilombo fortificado do Jabaquara, impressionando-se e dando
nova força ao movimento. 1883
- O movimento ganha mais dois militantes
Dois portugueses se juntam ao movimento: Luiz de Mattos, jornalista
e colaborador dos jornais "Cidade de Santos" e "Diário
de Santos", e José Theodoro dos Santos Pereira,
que se tornou um ardente defensor da causa e um fervoroso protetor
da gente do Jabaquara, para eles angariando roupas, comida e
outros donativos entre os cidadãos e casas comerciais
da cidade. Seus bilhetes requisitando ajuda se tornaram famosos;
começavam assim: "Amigo fulano. Tenho 10 rolos de
fumo para seguir...", chamando "rolos de fumo"
a escravos fugidos recém chegados que deveriam ser mandados
para outras Províncias ou para o exterior para escapar
à perseguição. José Theodoro, conhecido
como "Santos Garrafão" era casado com uma negra,
se tornou um grande amigo de Quintino de Lacerda, vindo a ser
a figura mais popular do movimento abolicionista de Santos. |
1900 - Os barracões de Quintino
de Lacerda, vestígios
do que foi o Quilombo do Jabaquara (img. M. Serrat). |
1884 - Patrocínio
e Barata Ribeiro vem a Santos
Em 1884, não era só o Jabaquara que acolhia refugiados.
Na Vila Mathias, embrenhado numa porção de mato,
existia o chamado Quilombo do Pai Felipe, um acampamento comandado
por um preto já velho. O Quilombo do Jabaquara de Quintino,
os de Pai Felipe e Santos Pereira, na cidade, eram os baluartes
protetores dos foragidos e, por sua vez, tinham a proteção
de toda a cidade. Figuras proeminentes do abolicionismo, vendo
a forma como os santistas abraçaram a causa, aqui estiveram
realizando conferências. José do Patrocínio,
depois de uma conferência de hora e meia no palco do Guarany,
entrega cartas de alforria a 10 escravos em meio a grande ovação
do público. Depois de Patrocínio, esteve em Santos
o ilustre Dr. Cândido Barata Ribeiro, que dissertou no
Guarany sobre dois temas: Abolição e República.
1884-1888
- A Imprensa e Vicente de Carvalho
A Imprensa teve papel fundamental na propaganda dos ideais abolicionistas,
numa pressão sem tamanho ao governo provincial, principalmente
nos últimos anos de campanha. Todos eles publicavam artigos
de redação ou assinados que eram verdadeiros libelos
contra a escravidão e o governo que a mantinha. Em Santos,
o Diário de Santos fez a sua parte, publicando artigos
abolicionistas com regularidade. Sem falar dos jornais da Bohêmia
Abolicionista, que contava agora com um novo colaborador: Vicente
de Carvalho. Na imprensa, a voz de Vicente de Carvalho era a
que melhor se ouvia e, nos comícios, Rubin César
era o mais eloquente. 1884
- As peças da Bohêmia no Guarany
Enquanto isso, a mocidade da Bohêmia Abolicionista promovia
peças teatrais e espetáculos literários
para promover a abolição. Sacramento Macuco escrevia
as peças, em sua maioria sátiras que caíam
como pauladas sobre senhores de escravos e autoridades escravocratas.
Os espetáculos sempre lotavam o teatro, atestando o apoio
da sociedade à obra dos moços. A úlima
peça escrita por Macuco foi "A Sombra da Cabana".
Ao final da peça, uma carta de alforria foi entregue
a um escravo, comprado com o produto da venda dos ingressos.
O teatro quase foi ao delírio. 1886
- Santos faz a sua abolição
Unindo-se aos abolicionistas, a Câmara Municipal de Santos
proclama a extinção do cativeiro na cidade. Os
poucos escravocratas da região apelam para São
Paulo e Rio. São Paulo, minado pela corrente maçônica-republicana
e em acordo com as fugas de escravos organizadas por Bento de
Abreu, não dá atenção aos representantes
dos escravocratas santistas. Entretanto, o governo imperial
do Rio de Janeiro destaca uma importante força militar
e a envia a Santos. Por coincidência, o comandante da
força, Major Dom Joaquim Baltazar da Silveira, fora companheiro
de Américo Martins na Escola Militar. Ao se reencontrarem
os amigos, Américo revela a Dom Joaquim o verdadeiro
motivo porque ele fora enviado: proteger os interesses de traficantes
e senhores de escravos, ao que o outro garante que, além
de não fazer mal aos abolicionistas, ajudaria no que
pudesse enquanto estivesse na cidade. Este fato teve grande
repercussão a nível nacional, de onde se concluiu
praticamente consumada a abolição diante da complacência
da polícia e da simpatia do exército.
1886 - A Lei
Saraiva
Em 27 de fevereiro de 1886, no Palácio da Justiça
da Praça dos Andradas, se dá a cerimônia
de declaração da Lei Saraiva, declarando livres
todos os escravos com mais de 60 anos. Santos comemora e os
proprietários de escravos da cidade resolvem libertar
seus cativos, de qualquer idade, aplaudidos pela multidão
que acorrera ao edifício da Justiça.
1886 - A sociedade
"27 de Fevereiro"
Os fatos acontecidos por ocasião da declaração
da Lei Saraiva formam a base para a criação da
sociedade "27 de fevereiro", cujo objetivo era resgatar
os últimos cativos da zona rural do município
e, se possível, dos municípios vizinhos. A sociedade
foi sacramentada a 14 de março, em cerimônia no
Theatro Guarany, diante de uma platéia de 2.000 pessoas.
Seu presidente era Xavier Pinheiro e outros da direção
eram Joaquim Fernandes Pacheco e Antonio Augusto Bastos (Totó
Bastos). |
O Theatro Guarany foi o principal palco
dos eventos promovidos pelo movimento abolicionista em Santos
(bico de pena de Lauro Ribeiro da Silva) |
1886 - Santos,
sinônimo de liberdade
Independente do que acontecia no resto do país, Santos
já fizera a sua abolição. Dali para a frente,
todo o trabalho da campanha se resumiu em receber e proteger
os refugiados que desciam a serra do Mar, dando-lhes emprego
ou arranjando-lhes colocações mais longe. Para
os negros, Santos e liberdade eram sinônimos. No começo
de 1887, o Presidente da Província paulista manda um
telegrama ao Governo Imperial dizendo ser "impossível
conter a evasão dos escravos porque os soldados haviam
feito causa comum com os abolicionistas, favorecendo a passagem
dos fugitivos para a cidade de Santos". 1888
- Declarada a Abolição - Santos comemora
O desfecho final da campanha abolicionista se deu em 13 de maio
de 1888, com a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel
(Regente na ocasião) e que declarava livres todos os
escravos no Brasil. A notícia foi recebida com festa
em Santos, com o povo se reunindo à frente das casas
de Francisco Martins dos Santos e outros abolicionistas, e os
negros aos gritos de "Viva o Santo Antonio Bento"
e "Viva Santos Garrafão". Foguetes pipocaram
no céu, músicas percorriam as ruas, os negros
de Pai Felipe se reuniram em frente ao Carmo para dançar
o samba e discursos de aclamação eram feitos das
sacadas. A cidade se embandeirou e a Companhia de Gás
instalou arcos iluminados para os 8 dias de festa que se seguiram.
No 7° dia de festejos, foi colocada uma lápide comemorativa
na casa onde nasceu José Bonifácio: "Esta
é a casa onde nasceu e morreu o Patriarca da Independência
- José Bonifácio de Andrada e Silva. Nasceu aos
13 de junho de 1763. Faleceu em 6 de abril de 1838".
1888 -
Santos aclamada pela Imprensa
Nos dias que se seguiram, a Imprensa de São Paulo e Rio
de Janeiro deu destaque especial ao papel desempenhado por Santos
na luta pela Abolição, em todos os artigos elogiando
a cidade e as ilustres figuras que trabalharam pela liberdade.
O mais justo deles, publicado pelo "Diário de Notícias"
de São Paulo, dizia: "Santos foi o primeiro
município da Província de São Paulo que
proclamou a sua emancipação do trabalho escravo,
assim como foi ali que as primeiras turmas de escravos, que
abandonavam em massa os seus presídios, foram encontrar
um generoso acolhimento, conforto, agasalho e trabalho remunerado.
A ínclita cidade de Santos, fortificada por Deus com
essa muralha que se chama Serra do Mar, foi a praça forte
do abolicionismo, onde primeiro tremulou o pavilhão da
Liberdade dos escravos na Província de São Paulo!...Viva
a Cidade de Santos!" |
|
|
|
|