Santos e a República
1870 - Surge em São Paulo a corrente republicana
Os ideais republicanos surgiram em São Paulo no ano de 1870, uma consequência clara da fundação do Partido Liberal Radical em 1868. As origens do republicanismo eram mais antigas, mas em São Paulo o embrião surgiu aqui no Partido Liberal Radical, na Faculdade de Direito, na sociedade secreta Júlio Frank e na Maçonaria. Daí saíram os pioneiros do movimento republicano, ligados de certa forma ao movimento liberal-radical que acontecia na capital do Império, liderado pelo Visconde do Rio Branco, Presidente do Conselho de Estado e Grão-Mestre da Maçonaria.


1870 - O primeiro manifesto público
No dia 3 de dezembro de 1870 foi publicado em São Paulo o primeiro manifesto republicano, famoso por ter sido assinado por muitos homens de valor, alguns deles vindos de altos postos da administração e da legislatura e completamente desiludidos com o regime monárquico.


1870 - Surge o primeiro Partido Republicano
Enquanto isso, no Rio de Janeiro, Augusto Fomm, um santista, e seu cunhado Miranda Azevedo, criam o primeiro Partido Republicano do Brasil, que seria fechado violentamente no ano seguinte pela polícia, e que gerou o primeiro instrumento de propaganda ostensiva pela República, o jornal "A República". Depois do fechamento, Augusto Fomm e Miranda Azevedo fundaram em sua casa no Catete o 2° Clube Republicano, que foi o maior foco do republicanismo no Brasil. Augusto Fomm teve grande influência no início do movimento em Santos, para onde vinha frequentemente, mas não pode desfrutar da vitória nem gozar a merecida fama porque faleceu em 1887, ficando as glórias para aqueles que aderiram ao movimento quando já era certo o seu triunfo.


1870-1874 - O pioneiro Xavier da Silveira
O santista Xavier da Silveira foi grande propagandista das idéias republicanas na capital da Província, convocando comícios e fazendo representações públicas contra a situação. Figura de valor e grandemente respeitado até por seus adversários, era um elo de convergência das duas sociedades: Santos e São Paulo. Em 1874, quando ele faleceu em sua casa dos Quartéis vitimado pela peste, houve um enfraquecimento do movimento na cidade, envolvida que estava nas atividades abolicionistas.


1872 - Cresce o movimento republicano no estado
O movimento republicano teve um surto de crescimento a partir de 1872, com a realização de pequeno congresso na casa de Américo Brasiliense em janeiro daquele ano. Em abril acontece a famosa Convenção de Itu, que reuniu representantes de 17 cidades da Província, e em julho se realiza o Primeiro Congresso Republicano de São Paulo, com representantes de 29 cidades, reunião que se repetiria em abril de 1874. Santos participou ativamente de todas as preliminares do movimento reformador e do nascimento do republicanismo em São Paulo.


1878 - Surge o "Raio"
Um dos grandes fatores que contribuíram para a disseminação do ideal republicano em Santos foi o aparecimento de "O Raio", órgão de combate e propaganda, inflamado como o nome que tinha, precursor da ação jornalística de Santos em favor do novo regime. Foi fundado por Antônio Manuel Fernandes, Padre Francisco Gonçalves Barroso, Sacramento Macuco e Dr. Hyppolito da Silva, todos de muito valor e prestígio na sociedade santista. Esses homens desempenharam papel fundamental no desenvolvimento do ideal republicano, principalmente pela fé e convicção com que previam a transformação do regime ainda distante.


1879 - Formação do Núcleo Republicano
Entre 1878 e 1879 se formava em Santos o "Núcleo Republicano", de onde partiria a bandeira da revolução política e social. O "Núcleo" trazia grandes nomes da época como propagandistas de frente: Garcia Redondo (catequizado pelo grande Xavier da Silveira), Henrique Porchat e Victorino Porchat, que foram seus primeiros presidentes, além de Alexandre Martins Rodrigues, Antonio Carlos da Silva Teles e outros.


1881 - Os republicanos elegem seu primeiro vereador
A grande massa popular, nessa época envolvida com os ideais e atividades abolicionistas, somente começou a se contaminar pelas idéias republicanas a partir de 1881, quando os paladinos do movimento antimonárquico de Santos puderam penetrar na Câmara pela eleição. Assim, nesse ano Santos elege o seu primeiro verador republicano: Francisco Emílio de Sá. Na eleição de 1883, mais dois republicanos entram para a Câmara de Santos: Joaquim Manoel Alves de Lima e Francisco de Paula Ribeiro.


1886 - A atuação de Vicente de Carvalho
Vicente de Carvalho era nome expressivo do jornalismo e se juntara a Martim Francisco para formar a mais forte dupla da propaganda jornalística de Santos em favor da república. Publicava artigos em

Vicente de Carvalho
  todos os jornais, pequenos ou grandes. Ficou famoso seu primeiro artigo de crítica política, intitulado "Um Trânsfuga" e publicado no "Piratiny", onde ele manifesta sua desaprovação ao ato do então companheiro Rodolpho Fabrino, por este ter mudado para o Partido Conservador em troca de um emprego público. O artigo terminava assim: "Abandonem o Partido Republicano os que não tem a coragem de suas convicções; vendam-se aqueles cuja honestidade tem preço! Deixando à margem essas podridões que a maculam, a corrente republicana engrossa dia a dia. O futuro é nosso!" Esse artigo entraria para a história da sociedade santista.
1887 - O papel de Silva Jardim
Silva Jardim foi um dos maiores republicanos brasileiros, e como tal foi homenageado pela Câmara e chamado o "Apóstolo da República" ainda na vigência do governo imperial. Aqui ele mantinha o Externato José Bonifácio, cujos interesses praticamente abandonou nos últimos anos da campanha para entregar-se a ela totalmente. Notável propagandista do movimento, realizava conferências onde quer que fosse, especialmente nos lugares onde ía o Conde d'Eu, em sua excursão política pelas Províncias brasileiras. Silva Jardim seguia o Conde como uma sombra e para cada discurso monarquista deste, mais alta e mais forte se erguia a voz do ardoroso republicano. Uma ocasião, no interior dominado pelo coronelismo monárquico e pelos barões do Império, foi apedrejado e ameaçado de morte - ele abriu o paletó, oferecendo o peito às balas e disse: - "Atirem! A morte para mim é um acidente da vida..." Tal era o destemor deste homem, cujo

Silva Jardim
  papel no advento da República não foi inteiramente reconhecido, como atesta um retalho de jornal carioca anos depois: "... Feita a Abolição, a propaganda republicana tomou um incremento extraordinário graças a Silva Jardim. ... A maneira pela qual a República procedeu com esse grande, com esse estupendo propagandista, é uma página infame nos seus anais. ... A Constituição Federal chama Benjamin Constant de O Fundador da República. É, de fato, provável que sem ele, no dia 15 de Novembro, a República não tivesse sido feita. Só provável. Mas é certo, absolutamente certo, para todos os que viveram no Rio de janeiro, em 1888 e 1889, que sem Silva Jardim ninguém pensaria sequer nesta solução. ...Quem, sem o conhecer, visse surgir no palco de qualquer teatro aquele gafanhotinho, não daria nada por aquela figura insignificante. Mas assim que começava a falar, havia um deslumbramento. Discutia e comovia. Nada de retórico palavroso: era um homem instruído, um argumentador poderoso."
1887 - Dobra o número de republicanos na Câmara
Em 1887, expressão do crescimento do sentimento popular contra a monarquia, dobra o número de veradores republicanos eleitos: Américo Martins dos Santos, Guilherme Alves Souto, Padre Francisco Alves Barroso e Antonio Carlos da Silva Teles. O mandato para a vereança de 1887-1889 entraria para a história santista pelo papel que desempenhou na fase final dos dois movimentos (o abolicionista e o republicano) e durante a crise acarretada por umas das maiores epidemias que atacou Santos.


1887 - Cresce a campanha em Santos e no país
Já abolira Santos a escravidão em 1886 e nos anos seguintes cresce a campanha republicana, destacando os nomes de Silva Jardim, grande arauto da República, Antonio Bento, cuja palavra arrebatava multidões, Rubim César, magnífico e exaltado orador, Vicente de Carvalho, poeta inspirado e jornalista destemido, e ainda Martim Francisco, Henrique Porchat, Antonio Lacerda Franco, Américo Martins dos Santos, Victorino Porchat, Pe. Francisco Gonçalves Barroso, Antonio Manoel Fernandes, Manoel Franco de Araújo Viana, Antonio Carlos da Silva Teles, Guilherme Souto, Júlio Ribeiro, Galeão Carvalhal, Gastão Bousquet, Joaquim Montenegro, José Alves Souto, Antonio Augusto Bastos, João Guerra e muitos outros nomes de grande valor na campanha. Em 1888, ao lado do Rio de Janeiro e São Paulo, Santos já era o terceiro polo do movimento republicano no Brasil.


1888 - O levante da Polícia em São Paulo
No país o número de adeptos da República aumenta notadamente depois da abolição, devido à adesão de muitos escravocratas que apoiavam a monarquia justamente por ser ela escravagista. Na noite de 2 de novembro de 1888 há um levante no 17° Batalhão de Linha, provocado pelo Chefe de Polícia de São Paulo, que logo foi demitido pelo governo, não sem o protesto e a aclamação delirante do povo e da imprensa. O sentimento do republicanismo já estava tão arraigado em toda a Província de São Paulo que por pouco a República não foi proclamada aqui.


1889 - A peste ataca Santos
No princípio de 1889 Santos é atacada pela peste negra, numa das maiores e mais violentas epidemias que já haviam assolado a cidade. Em março já se contavam 360 mortos. A Câmara Municipal presidida por Júlio Conceição logo esgotou o pobre orçamento que tinha, e foi ajudada pelo Partido Republicano e pela Imprensa local. O governo Provincial, então conservador, em represália política à atitude liberal santista, fingia não ouvir os apelos do povo angustiado. A Corte mantinha-se indiferente ao sofrimento de Santos e Campinas (onde assolava a mesma peste). Todas as iniciativas de socorro à população partiram de particulares. Conservadores e republicanos se uniram no combate à febre, captando recursos entre os mais abastados. O próprio Júlio Conceição foi um dos maiores contribuintes. Do Rio de Janeiro vieram freiras e estudantes de medicina por sua própria conta. Na capital, Júlio de Mesquita, pelo jornal "A Província de São Paulo", abriu uma subscrição em favor dos flagelados santistas e quase toda a imprensa de São Paulo deu seu apoio a Santos.


1889 - O descaso do Império gera revolta
Até mesmo a desgraça sobre Santos produziu resultado positivo ao movimento republicano. Em abril, o Governador da Província João Alfredo enviou a Santos a quantia de um conto de réis do próprio bolso, no que ele chamou "ato de generosidade e comiseração". Os republicanos santistas se ofenderam e Júlio Conceição, mesmo sendo conservador, solidarizou-se com os companheiros e recusou o dinheiro, num ato que traduzia o sentimento comum. Este fato teve grande repercussão em São Paulo e no Rio de Janeiro, gerando protestos e adesões, acirrando a campanha republicana que agitava os dois grandes centros do Brasil. Em maio a peste estava extinta

Dom Pedro II
  com um total de 700 mortos. Ao final, o grande sofrimento santista acentuou e pôs em relevo o abandono em que o sistema vigente deixava suas cidades e municípios, o atraso de 100 anos em que o país estava mergulhado nos setores fundamentais da saúde (higiene pública e saneamento) e da educaçao, as deficiências da administração do Império, que deixava pouquíssimos recursos às cidades e Províncias com consequente atraso urbano. Enfim, tornou clara para todos a necessidade urgente de uma reforma na organização do Império ou a sua substituição por um novo regime, o que no momento só os republicanos poderiam proporcionar.
1889 - As eleições e a cisão dos republicanos
Em junho cai o Governador João Alfredo e a equipe conservadora, subindo ao poder o Partido Liberal, com Gabinete presidido pelo Visconde de Ouro Preto. Como não tinha a maioria na Câmara, com a permissão de D. Pedro II ele dissolve o Parlamento e convoca novas eleições, que viriam a ser a última do Império, a ela concorrendo os partidos Conservador, Liberal e Republicano. Em Santos, um numeroso grupo de republicanos, por gratidão e reconhecimento, resolvem apoiar o nome de Júlio Conceição para deputado, mas um outro grupo prefere Bernardino de Campos, que era o candidato efetivo e já havia concorrido anteriormente. Uma grande reunião pôs fim à disputa e Bernardino foi indicado como candidato. O primeiro grupo entretanto, insatisfeito com o resultado, indica o nome de Júlio de Mesquita. Era a primeira coisa que uma coisa assim acontecia em toda a província: um partido e dois candidatos. Ao final foi eleito Bernardino de Campos, mas tais fatos provocaram a divisão dos republicanos santistas em duas alas distintas, dissidência que duraria algum tempo.


1889 - Proclamação da República. Santos faz festa
Por fim, em 15 de novembro de 1889, a República é proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, no Rio de Janeiro. Em São Paulo, um santista exaltado, Alfredo Porchat, à frente de um grupo de republicanos, invade o palácio do Governo antes mesmo de efetivar-se a primeira notícia oficial, e hasteia a bandeira da República diante do povo entusiasmado. Em Santos não foi muito diferente: nas ruas e

Deodoro proclama a República.
  nos lares, o povo santista festejou, emocionado, o fim da monarquia. Um Governo Provisório ou "Junta Governativa" foi aclamado pelo povo e empossado. Em São Paulo assumiu um triunvirato encabeçado por Prudente de Morais, que adotou o critério de consultas prévias aos dirigentes de cada localidade. De Santos subiu duas listas, uma de cada um dos grupos republicanos dissidentes, das quais o Governo do Estado escolheu a do grupo que apoiara Bernardino de Campos. Ficou decidido que os governos municipais fossem exercidos por Conselhos de Intendência Municipal, nomeados pelo Presidente. Assim, a primeira Intendência de Santos tinha Xavier Carvalho de Mendonça como Presidente e Ernesto Cândido Gomes como Vice-Presidente que assumiram em 21 de fevereiro de 1890.
1890 - A dissidência faz oposição
Dessa forma, devido aos desentendimentos da última eleição, a vida sob o novo regime em Santos começou com os republicanos divididos em duas fortes facções, ambas com a mesma bandeira e ideais, mas em campos completamente opostos. De um lado, no Centro Republicano, ficam Antonio de Lacerda Franco, Carvalho de Mendonça, Antonio Carlos da Silva Teles, Martinho Leal Ferreira, Ernesto Cândido Gomes, João Guerra, Francisco Emílio de Sá, Antonio Augusto Bastos, e outros. De outro lado, no Clube Republicano, estão os mais ortodoxos Henrique Porchat, Vicente de Carvalho, Américo Martins dos Santos, Martim Francisco, Ricardo Pinto de Oliveira, Manoel Maria Tourinho, Joaquim Montenegro, Narciso de Andrade, Carlos Afonseca, Augusto Mesquita, e outros. Estes últimos fundam o jornal "Diário da Manhã", sendo entregue a Vicente de Carvalho a sua direção. Por sua vez, o outro grupo também funda um jornal sob a direção de Horácio de Carvalho: "O Nacional".


1891 - Santistas "depõem" o presidente de São Paulo
Américo Brasiliense fora eleito Presidente do Estado. Nessa época, o ambiente em Santos era o de um caldeirão fervente. Ainda havia na cidade muitos monarquistas convictos, a luta entre as duas facções republicanas aumentava o temor de uma reviravolta política e da volta da monarquia e corriam soltos os boatos de uma revolução carioca para a restauração da antiga ordem. Foi em dezembro desse ano que o Marechal Deodoro aplicou seu conhecido golpe de Estado, ao qual o Presidente de São Paulo aderiu pronta e arbitrariamente. Os santistas chocados lançaram protestos e manifestos convocando o povo até à oposição armada ao Presidente, com Vicente de Carvalho fazendo grande agitação, imbuído da idéia de depô-lo. A polícia é chamada para prendê-lo e restabelecer a ordem, mas ele se entrincheira no "Diário da Manhã". No dia 14, depois de passeatas e até tiroteio com a polícia, o povo inspirado no exemplo de Vicente de Carvalho "resolve depor" o Presidente com uma moção e a organização de um batalhão patriótico para sustentar, se preciso pelas armas, as resoluções da histórica moção. Histórica porque, no dia seguinte Américo Brasiliense renuncia ao cargo e assume o seu Vice Cerqueira César, integrante do Clube Republicano de Santos.


1893 - A "Revolta da Armada" ameaça Santos
Em 1892 a Câmara santista já funcionava e preparava uma Constituição, mas o inconformismo fermentava no Rio de Janeiro, contaminando São Paulo e Santos. De fato, no início de 1893 diversos vereadores de oposição interna renunciaram. Em setembro estoura no Rio a chamada "Revolta da Armada". Bernardino de Campos, então Presidente de São Paulo, é avisado por Floriano Peixoto do risco da invasão de Santos pelos revoltosos. Bernardino manda um batalhão e munição para reforçar a defesa, que contava também com a presença no porto do cruzador "Centauro". Porém, com a notícia do bombardeio do Rio pelos revoltosos, a tripulação do "Centauro" abandona o navio e foge, deixando abertas as válvulas de flutuação do navio, que afunda na Ponta da Praia. Em setembro 4 navios da Armada revoltosa, com artilharia muito mais poderosa do que a defesa que se preparara, ameaçam Santos e bloqueiam o porto.


1893 - A bravura de Bernardino une os republicanos
Bernardino de Campos, avisado da grave situação, vem a Santos para encorajar os militares e lutar ele mesmo, se preciso for. Em seu rastro descem amigos, deputados e seu próprio filho, e todos se engajam nas forças de defesa. Na manhã do dia 20 os revoltosos atiram contra a Fortaleza da Barra Grande, que responde aos disparos juntamente com o Forte Augusto. A troca de tiros continua por cerca de 2 horas, até que tudo para de repente e os navios se retiram. Desses fatos, um episódio ficou célebre e contribuiu para mudar o cenário político de Santos. No meio do bombardeio, com um disparo vindo em direção ao forte, Bernardino se levanta e o tenente-coronel Aires da Gama, seu ajudante de ordens, corre para forçá-lo a abaixar-se, gritando em voz de comando: - "Abaixem-se todos!" Todos se abaixam, exceto Bernardino, que se ergue ainda mais e responde ao amigo: - "São Paulo não se abaixa!" A bala passa a pouca distância de sua cabeça e explode num galpão mais atrás. O ataque e a bravura de Bernardino abalam a força moral da ala republicana mais ortodoxa, até então afastada do Presidente do Estado. A visita de Cerqueira César completa o processo de adesão.


1893 - Preso Martim Francisco
Na época do ataque era Presidente da Câmara Municipal um dos membros mais violentos do Clube Republicano: Américo Martins. Por ocasião das providências de defesa, ele se declarara antiflorianista e o governo mandara prendê-lo, bem como a Martim Francisco e outros.
Américo Martins conseguira fugir, mas o amigo fora preso. O aguerrido republicano participou das "pazes" com a outra ala republicana, mas renunciou em outubro de 1893, não antes de mandar um telegrama a seu grande amigo, General Francisco Glicério, então Presidente da Câmara Federal e homem forte de Floriano Peixoto, no qual pedia a liberdade de Martim Francisco. O pedido foi concedido. Martim Francisco foi solto, atibuindo o "milagre" ao fato de ser um Andrada. Somente muito depois ele soube o que realmente acontecera.


1893 - Os santistas se irmanam para a luta
A defesa da cidade continuou sendo reforçada com a chegada de mais armas e munição. Agora confiante na lealdade da gente santista, Floriano Peixoto manda a artilharia pesada que faltara na hora do ataque. Por sua vez, os republicanos formaram diversos batalhões patrióticos da mocidade, prontos para a luta. O de Quintino de Lacerda era um símbolo vivo de fraternidade: um grande batalhão formado de brancos e negros irmanados, tendo à frente o negro Quintino em sua farda de Major da Guarda Nacional. Estavam de novo os santistas unidos na defesa do ideal que todos tanto lutaram para conquistar: a Pátria Republicana!


1894 - A primeira Constituição Municipal
Em 1894, sob a presidência do Dr. Manoel Maria Tourinho, a Câmara entrega ao Município a primeira Constituição Municipal, que seria cassada no ano seguinte pelos próprios vereadores.


1895 - Santos elege o primeiro verador negro
Nas eleições de 1895 um dos vereadores eleitos é o negro analfabeto Quintino de Lacerda, cujo valor ficou conhecido nas campanhas abolicionista e republicana. Sua posse é negada e ele recorre à Justiça para fazer valer seu direito. Manoel Tourinho, prevendo o desfecho do caso, já renunciara, quando Quintino se apresenta com um acórdão do Tribunal de relação de São Paulo. Sacramento Macuco, então na presidência, lhe dá a posse mas renuncia em seguida. Nem tanto por ser negro, mas por ser analfabeto, muitos ainda se opõem à presença de Quintino.


1894 - Santos volta ao sistema de Intendência
As agitações que se seguiram à posse de Quintino fez com que alguns vereadores considerassem ilegal e inconstitucional a própria Constituição promulgada no ano anterior. Assim, ela é cassada e Santos volta ao sistema se Intendência, com um Intendente Geral ou Prefeito-Intendente indicado pela Câmara.


1907 - Criada a Prefeitura Municipal de Santos
Em dezembro de 1907, por força de Lei Estadual, decretou-se a eleição direta e popular em Santos, o que se daria no ano seguinte. Na prática, estava criada a Prefeitura Municipal e a separação dos três poderes em Santos, que entraria na mais produtiva e progressista década de sua história.
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