Gente que fez história
Júlio Conceição
1864 - 1938
Santista por adoção, Júlio Conceição nasceu a 12 de março de 1864 em Piracicaba, no interior de São Paulo, filho dos Barões de Serra Negra, ricos fazendeiros de café.

Em 1882, com 18 anos, veio para Santos, onde acabara de se fundar o Quilombo de Jabaquara. Apesar de filho de fazendeiros de café, geralmente escravocratas, Júlio Conceição aderiu de imediato ao movimento abolicionista, logo se destacando como um bom valor da campanha, apoiando pessoalmente e com dinheiro os passos dos principais abolicionistas, principalmente do português José Teodoro dos Santos Pereira, o "Santos Garrafão", a quem cedeu uma mesa e espaço no escritório de sua própria firma comercial de café, a Júlio Conceição & Melo.

A importância social de Júlio Conceição cresceu na cidade devido a seu peso financeiro e a sua genealogia. Assim, em 1887 ele é eleito Vereador, com apenas 23 anos.
Em 1889 já era presidente da Câmara Municipal, assistindo nesse cargo à funesta invasão da febre amarela na cidade, a maior epidemia de todas que assolaram Santos.

A atuação de Júlio Conceição durante a calamidade foi de grande dedicação à causa pública, sendo um dos maiores contribuintes ao financiamento dos socorros prestados à população. Ele chegou a reunir Américo Martins, Guilherme Souto e outros vereadores para acompanhá-lo ao cemitério e cavar valas para ajudar nos enterros em massa, pois não havia mais recursos municipais para atender à mortandade. Suas atitudes corajosas e abnegadas durante a crise provocaram o respeito e a estima dos próprios republicanos, mesmo sendo ele conservador.

Ainda como Presidente da Câmara, assistiu aos fatos da proclamação da República e presidiu a última sessão da Câmara da fase imperial, em novembro de 1889.
Em 1903 assume como diretor da Empresa Ferro Carril Santista, que controlava praticamente todas as linhas de bonde de Santos.

Pouco sabemos a respeito de sua vida nos tempos que se seguiram, a não ser que foi grande benemérito e em muitos casos, coletivos ou individuais, esse notável cidadão foi a "mão anônima", nem sempre descoberta, que resolveu tragédias e sofrimentos. Foi benemérito da Santa Casa de Misericórdia.

Júlio Conceição era um ecologista e um orquidófilo extraordinário. Ao redor de sua residência ele foi compondo o famoso "Parque Indígena", que ocupava uma quadra inteira em frente à praia, hoje limitada pela Av. Conselheiro Nébias , Av. Vicente de Carvalho, Embaixador Pedro de Toledo e Ângelo Guerra. O Parque Indígena possuía matas naturais,
muitas espécies de plantas e cerca de 120 mil pés de orquídeas de todas as variedades, considerada na época a maior do mundo. Sua coleção de orquídeas, que ele doou à municipalidade, foi a base para a composição de nosso Orquidário Municipal.

Tinha paixão pela história, realizando inúmeras pesquisas. Foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, em janeiro de 1938.
Poucos meses depois faleceu, aos 74 anos de idade.
No Orquidário há um busto em sua homenagem.
O Parque Indígena retratado pelo
amigo e pintor Benedicto Calixto.
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