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Gente que
fez história |
Benedicto
Calixto de Jesus
1853 - 1927 |
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Nasceu a 14 de outubro de 1853 em Itanhahém,
filho de Pedro de Jesus e Isabel de Jesus, e desde menino
mostrou paixão pelo desenho.
No final da adolescência se mudou com seu irmão
para Brotas, no interior de São Paulo, onde pintou
seus primeiros quadros.
Aos 27 anos casou-se com sua prima, Antonia Leopoldina
de Araújo, com quem teve três filhos.
Em 1881 realizou a sua primeira exposição,
na cidade de São Paulo, obtendo críticas
positivas.
Mudou-se para Santos, onde foi encarregado de decorar
o teto do Theatro Guarany. Esse trabalho chamou a atenção
de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, o Visconde de
Vergueiro, a quem Garcia Redondo, construtor do teatro,
sugeriu financiar estudos para o promissor artista. |
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Em 1883, deixando sua família aos cuidados do amigo
Júlio Conceição, Calixo viaja para a França
com financiamento do Visconde de Vergueiro e ingressa na Academia
Julien, em Paris. Estuda com Raffelli, Bourguereau, Lefèvre,
Boulanger e outros mestres.
Em 1885, devido a uma epidemia de cólera que assolara
Paris, Calixto retorna ao Brasil, trazendo consigo equipamentos
completos de fotografia, arte que estava surgindo na época
e pela qual se apaixonara.
Permanece em Santos até o ano de 1890, realizando diversos
trabalhos religiosos e históricos sobre Santos e São
Paulo. Em 1890 se muda para São Paulo, onde reside até
o ano de 1894, realizando várias exposições.
Finalmente, em 1897 estabelece sua residência e seu ateliê
na Rua Martim Afonso, 192, em São Vicente.
A partir daí dedicou-se exclusivamente a sua arte e às
atividades de professor de desenho e pintura na Escola Tarquínio
Silva, na Associação Instrutiva José Bonifácio
e no Liceu Feminino Santista. |
O José Menino e a ilha de Urubuqueçaba
em tela de 1894. |
Gostava do estudo e da pesquisa histórica, tendo trabalhado
como historiador do passado paulista. Suas obras passaram a
ter valor documental, baseadas em registros fotográficos
e pesquisas do passado.
Grande parte das pinturas documentais de Calixto foi feita sobre
fotos de Militão Augusto de Azevedo, datadas de 1862
a 1887, que tinham como tema os principais logradouros de São
Paulo. Acredita-se que o historiador Affonso de Escragnolle
Taunay, amigo de Calixto, tenha tido a idéia de passar
as imagens fotográficas para as telas, que se conservam
muito mais que a fotografia. Exemplo de telas originadas das
fotos são o Largo Matriz do Braz em 1862, Fórum
e Cadeia de São Paulo em 1862, Paço Municipal
e outras documentando a cidade de São Paulo.
O estilo de Calixto era o acadêmico em vigor na época.
Muitas vezes usou a transposição de fotos para
telas, mas não obedecia as cores, usando muito os tons
pastéis em rosa, verde-água e azul-claro. Sua
obra artística pode ser dividida em 3 fases.
A primeira fase foi dedicada às paisagens e temas marinhos.
Calixto pintou as praias do litoral paulista, o que lhe valeu
o apelido de "pintor caiçara".
A segunda fase foi dedicada aos temas históricos. Sua
paixão pela história chegou até a lhe ser
nociva, pois em 1900, para pintar a Fundação de
São Vicente tal como ele a concebia, povoou seu quintal
com indígenas vindos do litoral.
A terceira fase foi dedicada aos temas sacros. Nessa fase, que
foi muito importante, ele obteve grande sucesso. Ortodoxo, estendeu
à sua arte a sua crença incorruptível.
Não tolerava liberdades estéticas e pouco religiosas.
Também não tolerava críticas, chegando
a ponto de interromper o trabalho, tal como Miguel Ângelo.
Como historiador, tinha a convicção, aceita por
muitos hoje, de que foi Martim Afonso, e não os jesuítas,
quem fundou a a Vila de São Paulo no mesmo ano em que
fundou São Vicente, 1532.
Escreveu a "Vila de Itanhahém", publicada em
1895 no "Diário de Santos", reunindo pesquisas
feitas sobre o velho Convento em cima do morro. Também
fez outros trabalhos literários: A História da
Cidade de Santos, Minha Terra Natal, Os Sambaquis do Litoral
de São Vicente, O Padre Bartolomeu de Gusmão,
Os Holandeses no Porto de Santos em 1615, e outras tantas, muitas
delas trazendo mapas feitos por ele. |
O
Porto em 1922 |
Deixou centenas de quadros e painéis espalhados pelo
Brasil:
na Prefeitura e Câmara Municipal de São Vicente,
na Catedral de Ribeirão Preto, na igreja Matriz de Catanduva,
no Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, no
Palácio Episcopal de São Carlos, no Convento dos
Padres Redentoristas de Aparecida, na Pinacoteca do Estado do
Pará, no Convento da Penha (Vitória-ES), no Museu
Naval do Rio de Janeiro, no Palácio São Joaquim
e Palácio da Conceição (Rio de janeiro).
Em São Paulo há quadros de Calixto na Câmara
Municipal, no Instituto Histórico e Geográfico,
no Palácio Arquiepiscopal, no Museu de Arte, no Colégio
São Luiz, no Mosteiro de Santa Tereza e nas igrejas de
Santa Cecília, da Consolação e de Santa
Ifigênia.
Em Santos, cidade que o fascinava e que retratou efusivamente,
há obras de Calixto na Bolsa Oficial de Café,
na Pinacoteca Benedicto Calixto, no Instituto Histórico
e Geográfico, na Prefeitura e Câmara Municipal,
no Santuário de Santo Antonio do Valongo, no Convento
do Carmo, na Catedral, na Associação Comercial,
na Cia Docas do Estado de S. Paulo e na Santa Casa de Misericórdia.
E ainda há muitas outras obras catalogadas, mas das quais
não se sabe o paradeiro.
Benedicto Calixto faleceu em 31 de maio de 1927 e foi sepultado
em Santos, em jazigo perpétuo oferecido pela municipalidade. |
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