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Gente que
fez história |
Brás
Cubas 1508
- 1592 |
Brás Cubas nasceu na cidade do Porto, Província
do Douro, em Portugal, em janeiro de 1508. Era filho de João
Pires Cubas e Dona Isabel Nunes. Seu único avô
conhecido foi o picheleiro Nuno Rodrigues, esmoler da Misericórdia
do Porto.
Com a idade de um ano foi entregue à família de
Martim Afonso de Souza, que o criou e educou, tornando-se uma
espécie de escudeiro do futuro donatário de São
Vicente, 4 ou 5 anos mais velho que ele.
Em 1532 acompanhou Martim Afonso na expedição
colonizadora ao Brasil e recebeu dele sesmaria no Morro de S.
Jerônimo (depois Morro do Vigia, Morro de Brás
Cubas e finalmente Monte Serrat). Ali ele construiu sua primeira
casa e cultivou suas primeiras lavouras, principalmente de cana-de-açúcar,
que era moída no Engenho São João, de José
Adorno.
Quando Martim Afonso partiu em maio de 1533, a principal função
de Brás Cubas foi a de feitor ou fiscal da povoação
nascente, e também de vigia, exercida do alto do morro,
de onde avistava a barra e os arredores, para que índios
ou armadas estrangeiras não atacassem os povoadores de
surpresa.
Em fins de 1535 Brás Cubas parte para Portugal, afim
de reinvindicar junto a Ana Pimentel, mulher e procuradora de
Martim Afonso, as terras da Ilha Pequena e do rio Jurubatuba,
e manda seu pai na frente, com trabalhadores e dinheiro para
explorar as terras. João Pires Cubas chega em 1537, mas
não consegue cultivar as ditas terras por oposição
dos índios e vem para o Enguaguaçu cuidar das
primeiras lavouras junto ao Monte Serrat.
Em outubro de 1540, após 8 anos de ausência, Brás
Cubas retorna e, com a ajuda dos irmãos que trouxera,
se estabelece na Ilha Pequena e lá faz a sua morada.
Brás Cubas, apesar de não ser nobre, é
considerado importante entre os povoadores pelo dinheiro que
trouxera de Portugal e pelas relações que mantinha
com a família do Donatário Martim Afonso. Assim,
em 1541, consegue a mudança do porto oficial, que era
na atual Ponta da Praia, para o Lagamar do Enguaguaçu,
junto ao vilarejo, o que seria de grande benefício pela
facilidade de carga e descarga dos navios. E assim foi feito
em 1542, fato que daria grande impulso ao desenvolvimento da
povoação. |
(bico de pena de Lauro R. Silva) |
Em 1542 chega a Santos o novo Governador da Capitania,
Cristóvão Aguiar de Altero, que dá
novo impulso ao povoado e convoca todos os moradores para
a construção do primeiro hospital. Brás
Cubas se coloca à frente da iniciativa, arrecadando
entre os colonizadores mais abastados as contribuições
que concorreram para a fundação da Santa
Casa em 1543.
Em 1544 Brás Cubas comprou terras junto às
que já possuía e foi nomeado o primeiro
Juiz pedâneo da povoação. Em 1545
ele fez sua segunda compra de terras e, em 1546 comprou
mais terras a Pascoal Fernandes, seu genro, Domingos Pires
e Luiz Góes, ficando dono de toda a |
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área hoje situada entre o Monte Serrat, Morro do Fontana
(até além da Praça dos Andradas) e a atual
Rua da Constituição, parte do Outeiro de Santa
Catarina, Rua General Câmara e mais alguns terrenos na
frente, junto ao porto - ficou sendo praticamente "dono
de Santos" e juntando uma fortuna cuja origem ninguém
conhecia, já que ele vinha de família pobre.
Em junho de 1545 ele é nomeado Capitão-Mor ou
Governador da Capitania de São Vicente, posição
que ocupa até o ano de 1549. Durante esse período,
a povoação é elevada à Vila, por
meio de um Foral (desaparecido) que foi aprovado pelo Rei em
fins de 1546, de modo que se instalou o primeiro Conselho da
Vila em 1547.
A essa altura, Brás Cubas era considerado o homem mais
rico da Vila, riqueza só igualada à de José
Adorno. Sabe-se que ele organizou bandeiras para descobrir ouro
e minas e fazer guerra aos índios.
Ocupou novamente o cargo de Capitão-Mor da Capitania
de 1552 a 1556, período em que se funda São Paulo
de Piratininga.
O fidalgo Brás Cubas morreu em março de 1592,
aos 84 anos (data conhecida através do testamento de
seu filho), pouco depois da invasão de Santos pelo pirata
inglês Cavendish, que lhe teria causado profundo desgosto
e agravado os males da velhice.
Os irmãos de Brás Cubas, que vieram todos para
o Brasil, foram: Antonio (um dos fundadores da velha Santo André,
companheiro de João Ramalho e vereador em sua primeira
Câmara), Gonçalo Cubas, Francisco Nunes Cubas e
Catarina Cubas.
Os filhos de Brás Cubas, cuja mãe se desconhece,
foram: Pero ou Pedro Cubas e Isabel Cubas, ao que parece nascidos
no Enguaguaçu, na fase inicial da Vila de Santos. Pedro
Cubas conservou-se solteiro e faleceu em 1628. Dona Isabel casou-se
em 1557 com o nobre Paulo de Proença, natural de Alenquer
em Portugal, que veio para Santos no ano de 1540.
A casa de Brás Cubas, perto do Outeiro de Santa Catarina,
a mesma que fora construída por Luiz de Góis,
existiu até 1860 (na antiga Rua de Santa Catarina, hoje
Visconde do Rio Branco, pouco além da Casa do Trem Bélico).
Considerado como fundador de Santos, a cidade ergueu uma estátua
em sua homenagem, situada em frente à Alfândega,
na Praça da República. A estátua, em mármore
de Carrara e executada pelo artista Lorenzo Masza, foi inaugurada
em 26 de janeiro de 1908, dia em que se julgava acontecer o
quarto centenário de seu nascimento. |
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